Entre as dezenas de símbolos de poder que cercam a presidência dos Estados Unidos, um deles se move com imponência pelas ruas, carregando blindagem, mistério e uma verdadeira central de comando sobre rodas.
Ele não voa, não dispara mísseis nem sobrevive a um ataque nuclear direto, mas chega bem perto disso.
Apelidada de “A Besta” pela imprensa americana, a limusine oficial do presidente dos Estados Unidos é considerada o veículo terrestre mais seguro do mundo.
Por trás da aparência robusta de um Cadillac tradicional, o carro esconde uma engenharia militar de alto nível, capaz de resistir a explosões, tiros de fuzil, ataques químicos e até sabotagens com tecnologia avançada.
Muito mais que uma limusine presidencial
Desenvolvido pela General Motors sob a marca Cadillac, o veículo é conhecido tecnicamente como “Cadillac One” ou “Presidential State Car”.
Sua fabricação é envolta em segredo, com pouquíssimos dados oficialmente divulgados, mas analistas e especialistas em defesa conseguiram, ao longo dos anos, reunir detalhes impressionantes sobre sua estrutura e capacidades.
Segundo informações do portal ”CNN Brasil” O carro pesa cerca de 9 toneladas e custa em torno de US$ 1,5 milhão, o equivalente a mais de R$ 9 milhões na cotação atual.
As portas têm cerca de 20 centímetros de espessura — mais do que um cofre de banco — e são tão resistentes quanto a fuselagem de um Boeing 757.
Todo o carro é hermeticamente fechado, criando um ambiente selado que impede a entrada de agentes tóxicos, substâncias químicas e até partículas radioativas.
Em caso de ataque, o presidente estaria protegido dentro de uma cápsula móvel virtualmente impenetrável.
Equipamentos de guerra sobre rodas
O Cadillac One está equipado com uma série de dispositivos que transformam a limusine em um verdadeiro bunker móvel.
Entre os recursos mais notáveis estão:
- Espuma antiexplosão no chassi e nos tanques de combustível
- Lançadores de gás lacrimogêneo integrados à lataria
- Maçanetas eletrificadas para impedir tentativas de abertura forçada
- Sistema de visão noturna para operação em ambientes de baixa visibilidade
- Sistema interno de oxigênio para uso em caso de ataque químico ou biológico
Há também um frigobar que guarda bolsas de sangue compatíveis com o do presidente, prontas para uma transfusão de emergência, caso ele sofra ferimentos graves em um atentado.
Em 2015, o então presidente Barack Obama revelou que era possível acionar um submarino nuclear americano a partir do telefone seguro dentro da limusine, um exemplo claro da capacidade de comando em tempo real do veículo.
Toda a comunicação interna do carro é feita por meio de sistemas criptografados, com equipamentos considerados à prova de interceptações e rastreamento.
Um comboio para confundir e proteger
Apesar da tecnologia embarcada em “A Besta”, o presidente americano nunca viaja sozinho.
A limusine presidencial é sempre acompanhada por um comboio com até 45 veículos, em uma coreografia tática conhecida como “motorcade”.
Esse comboio inclui SUVs blindados (como o Chevrolet Suburban), batedores, ambulâncias, carros de reconhecimento, unidades de guerra eletrônica e uma força de elite armada do Serviço Secreto.
Dois outros veículos idênticos à Besta também participam da escolta, com o objetivo de confundir possíveis atacantes sobre qual deles transporta o presidente real.
Antes do deslocamento, um carro de reconhecimento faz o trajeto alguns minutos antes da passagem do comboio, identificando pontos de risco, gargalos e possíveis ameaças.
Alguns veículos contam com domos montados no teto capazes de detectar e neutralizar explosivos acionados remotamente por sinal de rádio ou telefone.
Outros são equipados com radares para detectar drones e projéteis, aumentando o nível de proteção do grupo.
Transportar a Besta também é uma operação militar
“A Besta” não é enviada para viagens por estrada ou navios — ela voa.
Sempre que o presidente dos EUA realiza uma viagem internacional, dois exemplares do carro são transportados em aviões militares de carga, como os gigantes C-17 Globemaster da Força Aérea Americana.
Esses veículos chegam ao país de destino com dias de antecedência, acompanhados por uma equipe técnica e de segurança que organiza toda a logística da operação.
O transporte da limusine exige planejamento militar, sincronização com embaixadas, apoio logístico local e até fechamento de ruas, dependendo do país visitado.
Desafios, peso e manutenção constante
Toda essa proteção, no entanto, vem com um custo operacional alto.
O peso da blindagem afeta a suspensão, os freios, a dirigibilidade e aumenta o desgaste dos pneus, que precisam ser especiais para suportar buracos, estilhaços e até rodar furados por quilômetros.
Além disso, a baixa altura do carro em relação ao solo dificulta manobras em certos terrenos, e há relatos de dificuldades em aclives e curvas fechadas.
Por esses motivos, o carro precisa de manutenção frequente, peças reforçadas e ajustes constantes para manter sua operacionalidade, o que implica em custos milionários ao longo dos anos.
Um símbolo de poder, segurança e dissuasão
Mais do que um carro oficial, “A Besta” é parte de uma estratégia de proteção que se tornou símbolo da força americana.
Ela representa não apenas o cuidado extremo com a integridade física do presidente, mas também a demonstração de poder logístico, tecnológico e militar dos Estados Unidos.
A presença da limusine em qualquer país é vista como um recado silencioso: onde está o presidente, está também o aparato total da superpotência que ele representa.
Embora outros países também utilizem veículos blindados sofisticados, como o Mercedes S600 Pullman da chanceler da Alemanha ou o Aurus Senat do presidente russo, nenhum deles alcança o mesmo nível de tecnologia integrada e segurança de combate que o Cadillac One norte-americano.
