Viagens e mudanças de rotina aumentam risco de crises alérgicas em crianças
Pediatra explica cuidados com alimentação, contato com animais e mudanças de ambiente durante o período de confraternizações
Com a chegada das festas de fim de ano, aumentam as viagens, confraternizações e mudanças de rotina — fatores que elevam o risco de crises alérgicas nas crianças. A pediatra e cofundadora da plataforma Mini Löwe, Dra. Alana Zorzan, alerta que esse período exige atenção redobrada, especialmente para famílias com pequenos que já apresentam alergias respiratórias ou alimentares.
“As crianças podem ser expostas a ambientes sem controle adequado de alergia, como hotéis e casas com mofo, infiltração, muita poeira, pouca ventilação ou com presença de animais. Isso aumenta a exposição a pelos, ácaros e pó, desencadeando crises de rinite e asma”, explica. Segundo a médica, a variação do clima e as viagens para áreas de campo, onde há maior presença de pólen, também elevam o risco de sintomas respiratórios.
Contaminação cruzada é desafio nas festas de fim de ano
No caso das alergias alimentares, mesmo famílias cuidadosas podem enfrentar imprevistos. “Mesmo evitando o alimento desencadeador, há risco de contaminação cruzada, quando outro alimento é preparado no mesmo ambiente ou utensílio”, destaca. Além disso, nas festas de fim de ano muitas crianças acabam entrando em contato pela primeira vez com alimentos potencialmente alergênicos, como frutos ou peixes do mar e nuts — castanhas, nozes e amêndoas. “Esses alimentos podem provocar reação já no primeiro contato. Nunca desmotivamos a introdução de novos alimentos, mas se a viagem for para um local distante de hospitais ou serviços de saúde, é mais prudente antecipar em ambiente seguro ou adiar a introdução”, orienta a pediatra.
Para evitar sustos, a preparação deve começar antes da viagem. “É fundamental consultar o pediatra e o alergista, revisar as medicações de uso contínuo e organizar um plano de ação, incluindo antialérgicos, bombinhas e até adrenalina auto-injetável para crianças que já possuem alergias alimentares graves”, afirma. A médica recomenda avisar com antecedência o hotel ou o local da estadia sobre as alergias da criança. Nos quadros respiratórios, escolha locais bem ventilados, sem umidade, mofo ou infiltrações e com poucos tapetes e cortinas.
Observe os sinais
Já no caso das alergias alimentares, a orientação é clara. “Explique com muito cuidado quais alimentos a criança não pode consumir e como devem ser preparados. E nunca deixe de ler atentamente os rótulos dos alimentos oferecidos”.
Além das medidas específicas, cuidados básicos são indispensáveis: manter a criança bem hidratada, usar repelentes adequados e não interromper as medicações de uso contínuo.
Durante as festas, reconhecer rapidamente os sinais de alerta é fundamental. “Os sintomas de uma reação alérgica grave podem incluir dificuldade respiratória, tosse persistente, dificuldade de engolir ou falar, sensação de coceira ou fechamento da garganta e palidez”, explica a pediatra. Reações cutâneas como urticária e angioedema — “o inchaço rápido de lábios, língua, pálpebras ou rosto” — também exigem atenção. Outros sinais incluem vômitos frequentes, dor abdominal intensa e até perda de consciência.
“Se qualquer um desses sintomas aparecer, é necessário iniciar o plano de ação imediatamente e buscar atendimento médico.
Para a especialista, informação e prevenção são as maiores aliadas das famílias durante o período de festas. “Com cuidados simples e atenção aos detalhes, é possível viajar, celebrar e aproveitar o fim de ano com segurança — e sem sustos”, finaliza Dra. Alana Zorzan.
