O desastre de Chernobyl é mundialmente conhecido, mas documentos e investigações revelaram ao longo dos anos segredos que mostram como a população foi exposta à radiação muito além do divulgado oficialmente. Números escondidos, decisões políticas e falhas de transparência ampliaram os danos causados pela explosão.
Por que a evacuação demorou tanto tempo?
Logo após a explosão em abril de 1986, autoridades soviéticas evitaram admitir a gravidade do acidente e seguraram ao máximo qualquer medida drástica. Enquanto isso, gases radioativos continuavam vazando do reator danificado, espalhando contaminação invisível pela região.
Somente em 6 de maio o incêndio no reator foi oficialmente reconhecido, mesmo com emissões radioativas seguindo até 11 de maio. Três meses depois, panfletos distribuídos na Ucrânia afirmavam que estava “tudo seguro” para consumir alimentos locais, exceto frutas vermelhas, cogumelos e leite, o que mascarava o real nível de risco em Kiev e arredores.
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Como a comida espalhou radiação de forma silenciosa?
Abaixo, veja este vídeo que selecionamos do canal Você Sabia?, que conta com 46,9 milhões de inscritos, ele fala sobre os segredos ocultos do desastre de Chernobyl.
Milhares de animais da zona de exclusão foram abatidos e a carne contaminada acabou misturada com lotes considerados “limpos” em fábricas de salsichas. Esses produtos circulavam pela União Soviética, sem qualquer alerta aos consumidores sobre o potencial de contaminação radioativa.
O caso mais emblemático ficou conhecido como o “trem fantasma”: um vagão refrigerado cheio de carnes altamente radioativas que viajou por cerca de quatro anos, sendo sucessivamente rejeitado por várias cidades.
Quais produtos do cotidiano também ficaram contaminados?
Além dos alimentos, a radiação atingiu materiais usados em larga escala, como a lã de ovelhas criadas em áreas contaminadas. Essa lã seguia para fábricas localizadas a cerca de 80 km de Chernobyl, onde era processada sem qualquer protocolo especial de proteção.
Para entender o impacto desse material no cotidiano, vale observar alguns pontos revelados por investigações:
- Trabalhadores absorviam, em apenas 1,5 mês, doses de radiação equivalentes ao limite anual recomendado.
- Relatos incluíam sangramentos, enjoos constantes e mortes prematuras entre funcionários das fábricas.
- Mesmo assim, o Ministério da Agricultura classificou oficialmente a lã como “normal”.
- Cerca de 85% dos resíduos desse material acabaram descartados em rios da região.
As primeiras imagens do reator explodido foram registradas em 26 de abril de 1986, a partir de um helicóptero que sobrevoava a usina. A radiação ao redor do núcleo era tão intensa que danificou 19 dos 20 filmes fotográficos usados na missão.
O fotógrafo Anatoly Raptunowicz chegou a se pendurar para fora da aeronave, a cerca de 200 metros do reator, para tentar um melhor enquadramento. Ele recebeu uma dose de radiação considerada fatal, desenvolveu câncer em 2010 e teve grande parte de suas fotos confiscadas, reduzindo o acesso público às imagens mais próximas do desastre.
