Um avanço marcante nos estudos de clima espacial extrassolar foi anunciado no fim de dezembro de 2025, quando pesquisadores confirmaram a detecção de uma ejeção de massa coronal (EMC) emitida por uma estrela distante — um tipo de explosão semelhante às que ocorrem no nosso Sol, mas de intensidade ainda mais extrema.

Esse evento representa a primeira vez que cientistas observam de modo inequívoco uma EMC numa estrela além do nosso Sistema Solar, uma descoberta que pode ter profundas implicações para a análise da habitabilidade de planetas em torno de outras estrelas.

As ejeções de massa coronal são explosões poderosas em que grande quantidade de plasma e partículas carregadas é expelida da atmosfera externa de uma estrela, transportando consigo campos magnéticos intensos. No Sol, essas explosões já são conhecidas por provocar tempestades geomagnéticas e auroras na Terra quando atingem nosso planeta; no caso da estrela observada, a EMC foi tão violenta que teria energia suficiente para remover completamente a atmosfera de qualquer planeta que estivesse em sua trajetória próxima.

A detecção foi possível graças a uma combinação de dados captados pelo observatório espacial XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), e pelo radiotelescópio LOFAR, que opera em baixas frequências de rádio. Essa parceria tecnológica permitiu identificar tanto a velocidade quanto a intensidade do material expelido — estimado em cerca de 2.400 km/s, uma taxa raramente vista nem mesmo nas EMCs mais rápidas do Sol.

Explosão de estrela

A estrela responsável pelo evento é uma anã vermelha, um tipo de estrela menor e mais fria que o Sol, mas que possui um campo magnético extremamente forte — cerca de 300 vezes maior que o campo magnético solar — e uma rotação muito rápida. Estrelas dessa classe são as mais comuns na Via Láctea e, por isso, alvos frequentes na busca por exoplanetas em zonas potencialmente habitáveis.

Esse tipo de explosão poderosa levanta questões cruciais sobre a sobrevivência de atmosferas planetárias em torno de anãs vermelhas. Mesmo que um exoplaneta esteja na zona “certa”, com temperaturas que permitam a presença de água líquida, longe do calor excessivo de sua estrela, a atividade magnética violenta dessa mesma estrela pode arrancar o ar que possibilita a vida, transformando mundos promissores em esferas áridas e inóspitas.

Especialistas afirmam que a descoberta redefine o entendimento do clima espacial em sistemas estelares distantes e reforça a importância de incorporar fenômenos extremos, como EMCs de alta intensidade, nas avaliações de habitabilidade. Em vez de se basear apenas na distância ao astro-anfitrião, a estabilidade da atmosfera planetária — e sua resistência a explosões estelares violentas — torna-se um critério indispensável na busca por vida fora do Sistema Solar.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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