Astrônomos fizeram registros fotográficos de duas explosões estelares, conhecidas como “novas”, poucos dias após sua erupção e com detalhes sem precedentes. A descoberta fornece evidências diretas que essas explosões são mais complexas do que se pensava, com múltiplas saídas de material e, dependendo do caso, atrasos no processo de ejeção.
Publicado no periódico Nature Astronomy na última sexta-feira (5), o estudo internacional usou uma técnica chamada interferometria no Center for High Angular Resolution Astronomy (CHARA Array), nos Estados Unidos, o que permitiu que combinassem a luz de vários telescópios, alcançando a resolução nítida necessária para obter imagens diretas das explosões em rápida evolução.
“As imagens nos dão uma visão aproximada de como o material é ejetado para longe da estrela durante a explosão”, disse Gail Schaefer, diretora do CHARA Array, em comunicado. “Captar esses eventos transientes requer flexibilidade para adaptar nosso cronograma noturno à medida que novos alvos de oportunidade são descobertos.”
As novas ocorrem quando uma anã branca sofre uma reação nuclear descontrolada após roubar material de uma estrela companheira. Até recentemente, os astrônomos só conseguiam deduzir os estágios iniciais dessas erupções de forma indireta, porque o material em expansão aparecia como um único ponto de luz não resolvido.
Detalhes sobre as novas
A equipe obteve imagens de duas novas diferentes que entraram em erupção em 2021. Uma delas, a Nova V1674 Herculis, é uma das mais rápidas já registradas, brilhando e desaparecendo em apenas alguns dias. As imagens revelaram duas distintas saídas de gás perpendiculares, evidências de que a explosão por alimentada por várias ejeções com interação.
Já a segunda, Nova V1405 Cassiopeia, evoluiu mais devagar, mantendo suas camadas externas por mais de 50 dias antes de as ejetar, fornecendo a primeira evidência clara de uma expulsão atrasada. “Estas observações nos permitem assistir a uma explosão estelar em tempo real, algo que é muito complicado e que durante muito tempo se pensou ser extremamente desafiador”, afirmou Elias Aydi, autor principal da pesquisa e professor da Universidade Texas Tech, nos Estados Unidos.
“Em vez de ver apenas um simples flash de luz, estamos descobrindo a verdadeira complexidade de como essas explosões acontecem. É como passar de uma foto granulada a preto e branco para um vídeo de alta definição.”
Essas descobertas mostra que, ao contrário do que se acreditava, as erupções de novas não são únicas e impulsivas: elas apontam para uma variedade de vias de ejeção, incluindo múltiplos fluxos de saída e liberação, remodelando a forma como vemos esses jatos cósmicos.
“Novas são mais do que fogos de artifício na nossa galáxia: são laboratórios de física extrema”, apontou Laura Chomiuk, coautora da pesquisa e professora da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos.
“Ao ver como e quando o material é ejetado, podemos finalmente ligar os pontos entre as reações nucleares na superfície da estrela, a geometria do material ejetado e a radiação de alta energia que detectamos a partir do espaço.”
