Um conjunto de moléculas orgânicas consideradas como fundamentais para a construção da vida foi encontrado em torno de um disco protoplanetário, em volta de uma estrela bebê remota.
Segundo informações do portal Live Science, especializado em assuntos científicos, o material foi descoberto na órbita da protoestrela V883 Orion, a 1.300 anos-luz da Terra, na constelação de Órion. A descoberta foi publicada em 23 de julho, no Astrophysical Journal Letters (ApJL), um periódico científico de astronomia e astrofísica.
Os ingredientes, além disso, consistem em 17 moléculas orgânicas complexas. Elas incluem etilenoglicol e glicolonitrila. Ambos podem ser encontrados, por exemplo, no DNA e no RNA, moléculas fundamentais para a formação da vida.
O estudo pode auxiliar os cientistas no avanço de pesquisas para identificar vida em outros locais. Afinal, poderão, com ele, repensar o quão comuns são os progenitores químicos que materializam a vida.
Acreditava-se, anteriormente, que o nascimento de estrelas pudesse espalhar as moléculas e limitar a reprodução apenas a raros sistemas planetários, capazes de cumprir com a missão. Agora, a hipótese limitante pode gerar conclusões mais abrangentes.
“Agora, parece que o oposto é verdadeiro”, afirmou Kamber Schwarz, coautor do estudo, além de astroquímico do Instituto Max Planck de Astronomia em Heidelberg, na Alemanha, em comunicado.
“Nossos resultados sugerem que os discos protoplanetários herdam moléculas complexas de estágios anteriores, e a formação de moléculas complexas pode continuar, inclusive, durante a formação desses discos”, acrescentou.
Cientistas, há muito tempo, acreditavam que as substâncias químicas necessárias para a origem da vida se faziam presentes apenas em cometas, asteroides ou flutuando no gás e na poeira do espaço interestelar.
No entanto, a identificação de linhas de emissão responsáveis por revelar um aglomerado de moléculas orgânicas dentro do disco protoplanetário mudou a direção da questão. A descoberta foi possível graças ao uso do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), um conjunto de 66 radiotelescópios no norte do Chile.
Apesar disso, o V883 Orionis, portador do aglomerado de moléculas orgânicas, ainda alimenta o fogo da fusão nuclear acontecida no próprio núcleo. A jovem estrela, por isso, gera fortes explosões de radiação.
“Essas explosões são fortes o suficiente para aquecer o disco até mesmo em ambientes gelados. O ato foi responsável por liberar os produtos químicos que detectamos”, afirmou o primeiro autor do estudo, Abubakar Fadul, além de estudante de pós-graduação no Instituto Max Planck de Astronomia, também por meio de comunicado.
Ainda que os resultados sejam animadores, são, no entanto, provisórios, de acordo com os cientistas. Ainda é necessária a recuperação de dados de maior resolução. “Talvez ainda precisemos observar outras regiões do espectro eletromagnético, para encontrar moléculas ainda mais evoluídas”, afirmou Fadul. “Quem sabe o que mais podemos descobrir?”, complementou.