Pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, divulgaram uma descoberta que redefine o entendimento das erupções solares. O estudo, publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, revelou que as partículas liberadas nesses eventos podem atingir temperaturas até 6,5 vezes maiores do que estimativas anteriores.
As erupções solares são explosões de energia que acontecem na atmosfera do Sol, elevando a temperatura local a mais de 10 milhões de graus Celsius. Esses fenômenos emitem radiação de alta intensidade, incluindo raios X, que podem prejudicar satélites e comprometer sistemas de comunicação.
Além disso, a Terra também sente os efeitos, principalmente em sua camada superior, a ionosfera, que regula sinais de rádio e GPS. Nessas ocasiões, variações na atividade solar podem gerar falhas temporárias em transmissões e interferir diretamente em serviços de navegação.

Íons superaquecidos explicam mistério antigo
O estudo demonstrou que os íons — partículas carregadas positivamente que compõem o plasma solar — podem alcançar temperaturas acima de 60 milhões de graus durante as explosões.
Essa diferença em relação aos elétrons, que são partículas negativas, é resultado de um processo chamado reconexão magnética. A análise mostrou que esse mecanismo aquece os íons em intensidade 6,5 vezes maior do que os elétrons.
A descoberta ajuda a esclarecer a largura atípica das linhas espectrais registradas durante as erupções solares. Essas linhas, que atuam como assinaturas da radiação em diferentes comprimentos de onda, vinham aparecendo mais largas do que os modelos teóricos previam.
Desde os anos 1970, atribuíam-se essas discrepâncias a turbulências na atmosfera solar, mas os novos dados indicam que os íons superaquecidos são o verdadeiro motivo. O professor Alexander Russell, que liderou a pesquisa, ressaltou que a diferença de temperatura entre íons e elétrons já era conhecida em outros contextos, mas nunca havia sido ligada diretamente às erupções solares.