A Polícia Científica e o Corpo de Bombeiros Militar localizaram cerca de 1 mil vestígios que devem auxiliar na identificação das nove vítimas da explosão na fábrica Enaex Brasil, ocorrida na última terça-feira (12), em Quatro Barras. O material coletado está sendo analisado em laboratórios do Estado, e os perfis de DNA dos familiares já estão registrados no sistema. A análise deve durar pelo menos mais dez dias, enquanto o local das buscas segue isolado, com monitoramento da Polícia Militar do Paraná (PMPR), até que a identificação seja concluída e os atestados de óbito emitidos.
As atualizações foram fornecidas pelo secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, nesta sexta-feira (15). “Temos o compromisso de encerrar toda a análise o mais rápido possível para propiciar às famílias as identificações e certidões de óbito dos parentes que faleceram nessa catástrofe”, declarou. A próxima etapa será conduzida pela Delegacia de Quatro Barras, responsável pelo inquérito sobre o acidente. “Todos os próximos passos serão feitos pela Polícia Judiciária e pela Delegacia de Quatro Barras, que solicitaram informações da empresa. Já foram ouvidas testemunhas sobre o dia a dia da empresa e tudo caminha para conclusão do inquérito nos próximos 30 dias, que podem ser prorrogados por mais 30 dias”, explicou o secretário.
O material coletado passa atualmente por análises de DNA. De acordo com Hudson, os laboratórios estaduais estão dedicados a atender a demanda em ritmo acelerado. Até o momento, os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina não foram acionados para auxiliar. Além disso, a Polícia Civil requereu à Enaex um relatório técnico detalhado sobre os materiais utilizados nos processos de produção e os procedimentos adotados para armazenamento. A expectativa é que o documento ajude a determinar as causas da explosão.
Uma reunião está prevista para a próxima segunda-feira (18), em Quatro Barras, com as famílias das vítimas, com participação da Defensoria Pública do Paraná, para orientá-las acerca de seus direitos diante da tragédia. Profissionais do Programa Prumos, de apoio psicossocial da Sesp, também devem estar presentes.
Os trabalhos no local começaram na manhã de terça-feira (12), com atuação integrada do Corpo de Bombeiros Militares do Paraná, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Esquadrão Antibombas da Polícia Militar do Paraná, que garantiram a segurança no avanço das buscas. A cratera formada pela explosão concentrou a maior parte das ações, que também tiveram suporte de cães farejadores do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) do CBMPR, profissionais da própria empresa e voluntários.
“Apoiamos especificamente a Polícia Científica na busca pelos vestígios nos quadrantes definidos, sendo o último deles o epicentro da explosão”, afirmou o comandante geral do CBMPR, coronel Antonio Geraldo Hiller. A área foi dividida em nove quadrantes de busca, e o trabalho de varredura e catalogação dos vestígios foi liderado pela Polícia Científica do Paraná com o apoio dos bombeiros. “Nós fizemos a segmentação do terreno e, em paralelo, aconteceu a extração e processamento em laboratório do DNA”, detalhou o perito oficial criminal da PCPPR, Leonel Letnar Junior.
A Polícia Civil do Paraná recolheu depoimentos de sobreviventes e funcionários que estavam em turnos anteriores ao acidente. Esses relatos reforçam a análise das imagens captadas pelo circuito interno de monitoramento da empresa. Tanto os depoimentos quanto as imagens têm sido fundamentais para a compreensão dos acontecimentos que precederam a explosão.