Um novo relatório da Guarda Costeira dos EUA concluiu que a implosão do submersível Titan, ocorrida em junho de 2023, era “prevenível”. O documento de 335 páginas, divulgado nesta terça-feira, 5, aponta que Stockton Rush, CEO da OceanGate e piloto do submersível, ignorou dados cruciais que poderiam ter evitado a tragédia.

O estudo revelou práticas de segurança “fundamentalmente falhas” e uma cultura de trabalho tóxica na empresa. A negligência de Rush foi identificada como um fator contribuinte significativo para as mortes de cinco pessoas a bordo.

Jason Neubauer, presidente do Comitê de Investigação Marinha do Titan, afirmou: “Este acidente marítimo e a perda de cinco vidas poderiam ter sido evitados”. Ele ressaltou a necessidade de maior supervisão, destacando que a investigação de dois anos identificou múltiplos fatores que levaram à catástrofe, oferecendo lições importantes para prevenir futuros incidentes.

O relatório aponta Rush como a figura central responsável pelo desastre. A documentação também sugere que houve evidências de uma possível infração criminal relacionada ao seu comportamento. Caso tivesse sobrevivido, o relatório recomenda que o Departamento de Justiça considerasse uma investigação criminal separada.

A gestão da OceanGate permitiu que Rush “ignorasse completamente” dados críticos e medidas de segurança antes da expedição fatídica aos destroços do Titanic. O documento menciona que “a falta de supervisão externa e a ausência de funcionários experientes permitiram que o CEO ignorasse inspeções vitais, análises de dados e procedimentos de manutenção preventiva, culminando em um evento catastrófico”.

O relatório detalhou oito fatores principais que contribuíram para a implosão do submersível:

  • Os processos de design e teste da OceanGate não abordaram os “princípios fundamentais da engenharia” necessários para operações em um ambiente inerentemente perigoso.
  • A empresa não compreendeu adequadamente o ciclo de vida esperado do casco do submersível.
  • A OceanGate confiou excessivamente em um sistema de monitoramento em tempo real das condições do submersível, sem realizar uma análise significativa dos dados fornecidos.
  • A empresa continuou a usar o Titan após incidentes que comprometeram a integridade do casco e outros componentes críticos.
  • A construção em fibra de carbono do Titan causou problemas que enfraqueceram sua integridade estrutural geral.
  • A OceanGate falhou em investigar o submersível após incidentes que impactaram negativamente seu casco e componentes antes da implosão.
  • A cultura tóxica no ambiente de trabalho da OceanGate resultou na demissão ou ameaças a funcionários que levantavam preocupações sobre segurança.
  • A empresa não realizou manutenção preventiva no casco do submersível nem o protegeu contra os elementos durante a temporada off-season antes da expedição fatídica em 2023.

O relatório confirma que a causa principal da implosão foi a “perda de integridade estrutural“, resultando na morte instantânea das cinco pessoas a bordo. Além disso, constatou-se que a OceanGate não investigou uma denúncia feita por um denunciante em 2018. Uma investigação mais precoce poderia ter levado à conformidade com requisitos regulatórios ou à mudança dos planos para a expedição ao Titanic.

Rush, aos 61 anos, estava acompanhado pelos passageiros Shahzada Dawood (48 anos), Suleman Dawood (19 anos), Hamish Harding (58 anos) e Paul-Henri Nargeolet (77 anos). O submersível desapareceu no dia 18 de junho de 2023 no Oceano Atlântico Norte e implodiu cerca de 90 minutos após iniciar sua descida, resultando na morte dos cinco ocupantes.

Em setembro de 2024, a Guarda Costeira conduziu uma audiência de duas semanas sobre o desastre do submersível, revelando questões enfrentadas pela empresa antes da tragédia. Mais de duas dúzias de testemunhas, incluindo ex-funcionários da OceanGate, discutiram o uso ineficaz de uma planilha manual para rastrear as operações do Titan.

Uma das ex-funcionárias mencionou: “Tentávamos fazer isso a cada cinco minutos, mas era muita coisa para fazer”, referindo-se ao processo inadequado usado pela empresa. Outro ex-empregado expressou suas preocupações sobre a segurança do submersível e se recusou a participar de um teste no veículo.

Além disso, foi revelada uma das últimas mensagens enviadas pelo Titan: “Tudo bem aqui”. David Lochridge, ex-diretor das operações marinhas da OceanGate, testemunhou que havia alertado sobre os riscos do casco em fibra de carbono e criticou a empresa por priorizar lucros em detrimento da segurança. Após o incidente trágico, a OceanGate suspendeu todas as operações comerciais e de exploração relacionadas ao submersível.

Por fim, o Conselho Nacional de Segurança no Transporte também está conduzindo uma investigação separada sobre a implosão, conforme repercute o Independent.

Éric Moreira é jornalista, formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Passa a maior parte do tempo vendo filmes e séries, interessado em jornalismo cultural e grande amante de Arte e História.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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