Dez anos depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), o 2º tenente Kleber Pesso, do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad) do Corpo de Bombeiros, ainda guarda na memória as cenas de destruição que presenciou. Em 5 de novembro de 2015, o militar, então 1º sargento, foi um dos primeiros a chegar ao distrito de Bento Rodrigues, o epicentro do maior desastre ambiental da história do Brasil.

A corrida contra o tempo

Kleber lembra que estava em serviço quando recebeu a mensagem de seu chefe informando que uma barragem havia se rompido na região de Mariana. O que parecia uma ocorrência comum rapidamente se transformou em uma missão de grandes proporções. “Foram 40 dias de trabalho intenso, caminhadas de até 10 quilômetros por dia e uma busca constante por vidas e por respostas”, relembrou o militar.

A lama, carregada de rejeitos de mineração, devastou comunidades inteiras e deixou 19 mortos. As equipes de resgate enfrentaram calor intenso, risco de contaminação e o desafio emocional de lidar com a tragédia. “Era um cenário perturbador. A destruição era total, e havia momentos em que o silêncio pesava mais do que o próprio cansaço”, disse Kleber.

O impacto humano e o trauma invisível

Além do esforço físico, o tenente destacou o impacto psicológico deixado pelas cenas de sofrimento e perda. Segundo ele, as imagens do resgate permanecem vívidas mesmo após uma década. “A gente aprende a lidar, mas nunca esquece. Eram famílias inteiras destruídas, casas arrastadas, sonhos interrompidos. Cada dia ali foi uma lição sobre fragilidade e resiliência”, afirmou.

O bombeiro contou que o apoio entre os colegas foi essencial para enfrentar os dias mais duros. O trabalho conjunto, apesar da dor, se tornou uma forma de resistência. “Era uma missão pela vida, mas também pela dignidade das pessoas que perderam tudo”, completou.

Dez anos depois, as marcas ainda permanecem

O desastre de Mariana, causado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, espalhou cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos ao longo do Rio Doce, atingindo mais de 40 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo. Mesmo após uma década, as ações de reparação seguem lentas e muitas comunidades ainda aguardam indenizações e reconstrução total.

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Para quem esteve na linha de frente, como Kleber Pesso, a tragédia deixou lições que ultrapassam o campo da emergência. “A gente aprende que o tempo não apaga tudo. Ele apenas nos ensina a continuar”, disse o tenente, em tom emocionado.


Perguntas curtas e curiosas:

Quantas pessoas morreram no desastre de Mariana?
Foram 19 vítimas fatais, além de centenas de desabrigados e danos ambientais irreversíveis.

Quanto rejeito foi despejado com o rompimento da barragem?
Cerca de 40 milhões de metros cúbicos de lama atingiram o Rio Doce e dezenas de cidades.

As comunidades atingidas foram totalmente reconstruídas?
Não. Muitas ainda aguardam indenizações e obras de reestruturação mesmo após dez anos.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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