Brasília (DF) – Com foco em reconstrução resiliente, a Defesa Civil Nacional promoveu, nesta quarta-feira (15), um seminário técnico com especialistas japoneses. O evento abordou o conceito “Build Back Better (BBB)”, expressão que se refere a ações de reconstrução pós-desastre e melhorias na infraestrutura e governança para resistir a futuros eventos extremos, ao mesmo tempo que busca a revitalização social e econômica das comunidades afetadas. Representantes da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) participaram do seminário.
O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, destacou a importância do conceito usado pelo Japão. “Desde 2015, o Build Back Better está expresso nos documentos do Marco de Sendai. A ideia de reconstruir melhor nada mais é do que uma necessidade da humanidade no pós-desastre. Após um evento, temos que buscar o porquê, o motivo que levou uma ponte a cair, por exemplo, e apresentar um projeto de engenharia que refaça o equipamento público de forma melhorada, de tal forma que, diante de uma chuva no mesmo nível da anterior, o equipamento não seja colapsado”, afirmou. O Marco de Sendai é um acordo internacional adotado em 2015, no Japão, com o objetivo de reduzir os riscos de desastres e os prejuízos causados por eles.
Wolnei também destacou os desafios enfrentados pelo governo japonês ao longo dos anos. “Atualmente, o Japão é uma referência mundial em termos de gestão de riscos. O país já sofreu com inúmeros desastres, com muitas vidas perdidas, o que refletiu a necessidade de uma grande política de estado que fosse capaz de responder a isso, capaz de construir estruturas que, em uma ocorrência de desastre, não tivessem tanto impacto e, especialmente, vidas perdidas”, disse o secretário.
A importância do combate às desigualdades para reduzir as vulnerabilidades também foi lembrada pelo secretário. Trata-se de uma das principais prioridades do Grupo de Trabalho de Redução do Risco de Desastres (GTRRD) do G20, presidido pelo Brasil entre dezembro de 2023 e novembro de 2024. “O objetivo do seminário é mostrar como o Japão passou de um país com muitas vulnerabilidades, com japoneses morando na beira do rio no pós-guerra, de maneira improvisada nas encostas e, consequentemente, com muitas perdas de vidas diante de um desastre, para a fase atual. Os eventos extremos continuam acontecendo, mas o número de perdas é muito pequeno no território japonês”, concluiu Wolnei Wolff.
O conselheiro sênior da JICA para desastres, Satoru Nishikawa, apresentou o histórico de eventos extremos registrados no Japão e as medidas adotadas pelo governo para melhorar a gestão de risco. “As condições naturais do Japão são muito severas, temos terremotos, erupções vulcânicas, furacões, chuvas, enchentes, movimentos de massa e até avalanches. Foram muitas experiências negativas vivenciadas no passado, atualmente, apostamos em ações antes e após o desastre. Quando falamos em reconstruir melhor, temos que analisar o perfil, a posição de cada vítima. Cada pessoa tem um tempo de recuperação, exigências e prioridades diferentes”, alertou o conselheiro.
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