Um boto-pescador (Tursiops truncatus gephyreus), espécie de golfinho conhecida localmente como boto-da-tainha, foi encontrado morto na tarde desta segunda-feira (15), na Praia do Gi, em Laguna. O animal, uma fêmea adulta com cerca de 3 metros de comprimento e 280 kg, fazia parte do catálogo de fotoidentificação mantido pelo Laboratório de Zoologia da UDESC e Laboratório de Mamíferos Aquáticos da UFSC, onde era registrado como indivíduo #52.

A ocorrência foi registrada pelo Trecho 1 do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Após o resgate, o corpo do animal foi encaminhado para necropsia. A avaliação preliminar identificou sinais de pneumonia e septicemia — uma infecção generalizada que pode comprometer múltiplos órgãos e, provavelmente, foi responsável pelo enfraquecimento e consequente encalhe do animal.

Durante o exame, também foram observados sinais compatíveis com idade avançada, como desgaste acentuado dos dentes e cicatrizes ovarianas, indicando múltiplos ciclos reprodutivos anteriores. Além disso, o boto apresentava lesões cutâneas compatíveis com lobomicose, infecção fúngica causada pelo fungo Paracoccidioidomycosis ceti. Essa condição está frequentemente associada à exposição prolongada a ambientes aquáticos poluídos.

Poluição no mar

A presença dessas doenças — especialmente a septicemia e a lobomicose — é frequentemente relacionada à degradação ambiental e à baixa qualidade da água, resultado do acúmulo de poluentes nas regiões costeiras e estuarinas. A população de botos-pescadores de Laguna, já considerada ameaçada, habita justamente esses ambientes, como a Lagoa Santo Antônio dos Anjos e seu entorno.

Apesar de o animal não estar entre os mais ativos na tradicional pesca cooperativa com os pescadores da região, era reconhecido por interagir com outros botos que participam dessa prática única. Sua morte representa não apenas a perda de um exemplar reprodutivo da espécie, mas também mais um sinal de alerta sobre as condições ambientais que impactam diretamente a saúde desses cetáceos.

A ação de monitoramento faz parte do PMP-BS, projeto exigido pelo licenciamento ambiental federal e conduzido pelo Ibama. Ele acompanha os impactos das atividades da Petrobras na Bacia de Santos, incluindo a produção de petróleo.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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