NOANNY Maia, a mãe e as irmãs realizaram em Cacauaré, no Pará
Mais do que a tendência, a bioeconomia e os negócios de impacto socioambiental vêm ganhando protagonismo no debate sobre o desenvolvimento sustentável no Brasil. Com a pressão por soluções de baixo carbono, cidades e empresas encontram esses modelos de caminhos concretos para conciliar o crescimento econômico, a inclusão social e a preservação ambiental.
Iniciativas baseadas no uso responsável da biodiversidade, na regeneração de ecossistemas e na inovação social impulsionaram novos investimentos, ampliaram cadeias produtivas sustentáveis e fortaleceram territórios urbanos e rurais.
Um bom exemplo é o Cacauaré Amazônia, negócio familiar feito por mulheres que atua na valorização do cacau nativo através da bioeconomia. Com foco no resgate da ancestralidade e da tradição do cacau, Noanny Maia e sua família desenvolvem há quatro anos produtos de alto valor agregado para impactar positivamente a cadeia do cacau na Amazônia.
Hoje, são referência no desenvolvimento de soluções para fortalecer o conceito da Floresta em pé através do cacau. E pautamos os pilares do negócio na sustentabilidade, inovação e protagonismo feminino.
Amazônia em pé
Noanny Maia é uma mulher afropanamazônica brasileira, advogada, administradora e marketeira. Uma profissional multifacetada que se inspira na floresta para desenvolver produtos e serviços de valor agregado e alto impacto social. Em 2021 fundou com sua mãe e irmãs em Cacauaré Amazônia, negócio dedicado a desenvolver a cadeia do cacau nativo, valorizando a floresta, as pessoas e a parceria biodiversidade.
Já teve seu trabalho reconhecido por organizações como o Google Workspace, o Sebrae nacional, TEDX. É coautora do livro “Protagonistas”, um best-seller que conta a história de mulheres que transformaram suas vidas através do empreendedorismo. Na Amazônia, atua de forma ativa e participativa, em frentes como Coalisão pelo Impacto, Açaí Valley, AssoBio e Sistema B Brasil.
Novas economias e COP30
A agenda das novas economias esteve muito presente na COP30, segundo Lucas Ramalho Maciel, secretário-adjunto de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Em conversa exclusiva com a coluna, ele disse que viu uma centralidade crescente de temas como economia verde, economia circular, bioeconomia e economia de impacto, todos eles apontando para um novo paradigma, no qual a solução dos desafios sociais e ambientais passa necessariamente pela transformação das atividades econômicas.
“O anúncio do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) é um exemplo emblemático dessa visão, assim como o EcoInvest, que já capta recursos internacionais com taxas mais vantajosas do que o endividamento público tradicional. Também é muito simpático a presença de diversos negócios de impacto na COP.
Empresas como a Mamba Water, que direcionam parte de seus lucros para garantir o acesso à água potável em comunidades vulneráveis, ou a Mangue, que atua na despoluição de manguezais, promovendo educação ambiental e renda local, demonstram como essa agenda já está acontecendo na prática”, destacou Maciel.
Para ele, a COP30 evidenciou um amadurecimento global sobre o potencial transformador das novas economias. Há uma compreensão crescente de que o desenvolvimento econômico e o impacto socioambiental positivo caminham juntos, e de que, esse é o caminho para enfrentar os grandes desafios do nosso tempo.
Inspiração para o mundo
O Brasil, hoje, tem várias iniciativas que servem de modelo para outros países, como a Estratégia de Economia Circular, o Simpacto na agenda de impacto, o Selo Verde Brasil, destaca Lucas Ramalho Maciel. “E a maneira como a gente valoriza a sociobiodiversidade e integra desenvolvimento com inclusão produtiva na Amazônia realmente inspira outros países”.
Em relação às referências internacionais, ele cita a União Europeia, que avançou bastante em taxonomia sustentável, e países asiáticos como China e Japão, que possuem modelos fortes de economia circular. Mas o mais importante é que o Brasil não copie e sim se adapte ao contexto local e soluções próprias.
