As autoridades de saúde dos Países Baixos emitiram esta terça-feira um alerta oficial a desaconselhar o consumo de ovos produzidos em quintais e galinheiros domésticos, após terem sido detetados níveis perigosamente elevados de PFAS, os chamados “químicos eternos”, nesses alimentos.
A recomendação partiu do Instituto Nacional de Saúde Pública e Ambiente dos Países Baixos (RIVM), que integra o Ministério da Saúde, Bem-Estar e Desporto holandês, e resulta de um estudo conduzido em 60 locais diferentes por todo o país, revelando uma contaminação significativa em ovos não comerciais.
Os PFAS (substâncias per e polifluoroalquiladas) são compostos químicos amplamente utilizados em diversas indústrias — desde materiais de contacto com alimentos, têxteis e eletrónica até produtos de construção — e caracterizam-se pela sua extrema persistência no ambiente, o que lhes valeu o apelido de “químicos eternos”. São associados a problemas de saúde como cancro, distúrbios hormonais, infertilidade e imunossupressão.
Segundo o comunicado oficial do RIVM, os residentes nos Países Baixos “já ingerem quantidades consideráveis de PFAS através de outros alimentos e, em parte, da água potável”, pelo que deixar de consumir ovos caseiros pode reduzir significativamente a exposição acumulada a estas substâncias. O instituto sublinha que esta recomendação não se aplica aos ovos comerciais, adquiridos em lojas ou mercados, que continuam seguros para consumo.
O RIVM está agora a aprofundar a investigação, procurando determinar como é que os PFAS entram na cadeia alimentar das galinhas domésticas. Entre as hipóteses avançadas, ganha força a possibilidade de que as minhocas — um alimento comum para galinhas criadas ao ar livre — estejam contaminadas e estejam a transferir os químicos para os ovos através da alimentação das aves.
Esforços europeus para proibir milhares de compostos PFAS
Este novo alerta surge numa altura em que a Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) está a analisar uma proposta, liderada pelos Países Baixos, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Noruega, com vista à proibição progressiva de milhares de compostos PFAS na União Europeia. A medida pretende reduzir a exposição humana e ambiental a estes químicos altamente persistentes e de difícil remoção.
A divulgação dos resultados do estudo do RIVM vem reforçar os apelos à ação regulatória mais rigorosa, ao mesmo tempo que alerta os cidadãos para riscos concretos no seu dia a dia, mesmo em práticas consideradas sustentáveis e seguras, como a produção doméstica de alimentos.