Excesso de informações diluiu o impacto da revelação sobre o acidente que sequelou Leonardo e traumatizou Helena
3 out
2025
– 07h24
(atualizado às 07h24)
Uma das melhores cenas da história da teledramaturgia brasileira é o confronto de Helena (Renata Sorrah) contra Odete (Beatriz Segall) na ‘Vale Tudo’ de 1988, após a ex-empregada Ruth (Zilka Salaberry) revelar que a empresária é quem dirigia o carro quando houve o acidente que matou Leonardo, jogando a culpa na filha alcoólatra para evitar ser exposta num escândalo midiático.
Poucas vezes vimos uma revelação tão impactante e um acerto de contas tão convincente. Bastaram duas cenas para se fazer história na TV.
No remake, a autora Manuela Dias mudou a trama, criou várias situações soltas e o desfecho ficou arrastado e inconsistente.
Ela precisou de um capítulo inteiro com personagens repetindo textos em tom didático para explicar o desastre de automóvel, como Leonardo (Guilherme Magon) sobreviveu e quem foi enterrado no lugar dele. Quis reinventar a roda, mas o resultado não ficou espantoso como no roteiro original.
A melhor informação inédita é que Leonardo era parecido com a mãe no desvio de caráter. Por isso, ela o idolatrava: via-se refletida nele. Ao constatar o filho ‘perfeito’ sequelado e sem utilidade a seus planos, Odete passou a desprezá-lo, como sempre fez com os outros herdeiros, Helena (Paolla Oliveira) e Afonso (Humberto Carrão).
Com sobrecarga de texto, Débora Bloch entregou uma atuação avassaladora. Outra impressionante transmissão de emoção ficou com Teca Pereira, que apareceu nas cenas de flashback da renegada Nise.
A catarse final de Celina (Malu Galli) — com a profética frase “eu quero que você morra!” — foi outro ponto alto. Faltou o que todo mundo gostaria de ver: a irmã manipulada dar um tapa na cara da vilã, como se faz num bom dramalhão.
Na Grande SP, a aferição da audiência em tempo real mostrou ‘Vale Tudo’ entre 25 e 27 pontos na maior parte do capítulo. Em algumas outras capitais, como Rio e Belém, houve picos de 35 pontos.