A decisão de sete cidades francesas, incluindo Paris e Lyon, de proibir o consumo de atum nos refeitórios escolares reacendeu o debate sobre a segurança deste peixe em conserva e a presença de mercúrio. As autoridades municipais justificaram a medida afirmando que “a regulamentação europeia não é suficientemente protetora para a saúde, sobretudo para a saúde das crianças” e garantiram que o veto não será levantado enquanto o limite máximo de concentração de mercúrio autorizado não for reduzido para 0,3 miligramas por quilo, em linha com outros peixes.

A reação da Federação das Indústrias de Alimentos Enlatados foi imediata, defendendo que “as empresas respeitam a regulamentação em vigor e nenhum produto no mercado supera o limite regulamentar de um miligrama por quilo”.

O caso francês levantou preocupações também fora do país, sobretudo entre consumidores que se interrogam sobre a quantidade de mercúrio nas latas de atum e sobre se é necessário restringir o seu consumo.

Em declarações publicadas no canal espanhol Telecinco, Miguel Ángel Lurueña, doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, recordou que a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) já concluiu que “o benefício de comer peixe, pelos nutrientes que fornece, supera os possíveis riscos associados à presença de mercúrio”.

No entanto, o especialista sublinha que existem recomendações específicas para grupos vulneráveis, alinhadas com as orientações da Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (AESAN).

Segundo Lurueña, crianças com menos de 10 anos, mulheres grávidas, mulheres que possam vir a engravidar e mulheres em período de amamentação devem evitar as espécies de peixe que mais mercúrio acumulam: tubarão (cação, tintureira, patarroxa, entre outros), peixe-espada (também conhecido como imperador), lúcio e atum vermelho.

Já para crianças entre os 10 e os 14 anos, a recomendação é limitar o consumo destas espécies a 120 gramas por mês.

O especialista esclarece que estas restrições dizem respeito sobretudo ao atum vermelho, que não é habitualmente usado nas conservas disponíveis no mercado. Nessas, é mais comum encontrar atum claro ou bonito do norte, espécies de menor porte que acumulam quantidades mais reduzidas de mercúrio.

De acordo com Lurueña, para uma pessoa adulta, “seria necessário comer sete latas de atum por semana para ultrapassar a quantidade de mercúrio considerada segura”. Ainda assim, recomenda moderação no consumo e reforça que os grupos vulneráveis devem seguir de forma rigorosa as orientações específicas.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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