O aterro sanitário Ouro Verde, há cerca de 9 km da região administrativa de Brazlândia, não resistiu à quantidade de resíduos depositados no solo, e desabou na manhã desta quarta-feira (18/06). No local, são depositados resíduos sólidos coletados em Padre Bernardo-GO e Cristalina-GO. Além de empresas de coleta particulares que também utilizam o aterro como depósito de resíduos.

Em um vídeo que o Jornal de Brasília teve acesso com exclusividade, é possível ver o exato momento em que a montanha de resíduos sólidos desaba, provocando uma cortina de fumaça.

Próximo a área onde está localizado o aterro há um córrego. O que aumenta o risco de contaminação após o desabamento. Testemunhas ouvidas pela nossa redação informaram que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), fará uma visita ao local nesta quinta-feira (19/06).

Em nota, o Instituto Chico Mendes (ICMBio/MMA) informou ao Jornal de Brasília que a construção é irregular, pois está dentro da Área de Preservação (APA) do Rio Descoberto.

“O ICMBio já havia multado a empresa Ouro Verde em 2018. Mas em 2023, a comunidade denunciou que havia voltado a operar. A fiscalização do ICMBio voltou ao local, apreendeu 3 caminhões, aplicou nova multa, agora no valor de cerca de R$ 1 milhão e embargou a área.”, informou o instituto.

O aterro particular funciona há mais de 6 anos em uma área de mais de 10 hectares que, segundo os órgãos públicos, abrange uma região de conservação de vida silvestre na encosta de uma chapada. Em 2024, o aterro foi alvo de denúncias no Ministério Público de Goiás (MPGO) e pelo Ministério Público Federal (MPF).

As denúncias apontavam casos de vazamento de chorume e contaminação de água e animais por parte do aterro. Na época, a empresa alegou que não havia provas concretas de que o aterro fosse responsável por impactos ambientais.

Uma visita técnica foi realizada no local, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Universidade de Brasília (UnB). Segundo relatório produzido pelo instituto, após visita no ano passado, o aterro estaria sendo responsável por uma degradação de recursos hídricos da região de Padre Bernardo, incluindo o Córrego Santa Bárbara.

O ICMBio também colocou em seu relatório que o aterro estaria operando em uma zona de conservação da Área de Preservação Ambiental (APA) do Rio Descoberto, o que poderia impactar a água potável que abastece a capital federal e o entorno. Os técnicos encontraram ainda, em diversas áreas, resíduos depositados a céu aberto, sem cobertura, o que poderia contaminar lençois freáticos.

Em 2024, o aterro estaria recebendo de 130 a 150 toneladas de lixo por dia segundo o instituto, em média, o aterro estaria recebendo de 130 a 150 toneladas de lixo por dia, de acordo com o ICMBio.

Histórico de denúncias

Em 2023, o MPGO informou que o aterro é acompanhado pelo órgão desde 2016. Ao longo dos anos, diversas denúncias de irregularidades foram recebidas na 2ª Promotoria de Justiça de Padre Bernardo, incluindo contaminação do poço artesiano e inviabilização de atividades agropecuárias de moradores da região.

Em 2018, as atividades da Ouro Verde foram embargadas pela Justiça, por conta da falta de licença. Porém, através de uma liminar o aterro conseguiu continuar as atividades.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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