Pelo menos 87 pessoas morreram na Argentina por supostamente receberem fentanil medicinal contaminado, segundo informou o juiz do caso na quarta-feira (13).
A Justiça investiga se as mortes são em decorrência do uso do medicamento contaminado com as bactérias Klebsiella pneumoniae e Ralstonia pickettii, que teriam gerado um surto infeccioso com consequências fatais.
Fentanil é um opioide sintético extremamente potente prescrito por médicos para dores intensas.
A investigação surgiu a partir de uma denúncia feita em maio pela Anmat (Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica Argentina), após uma reclamação de um hospital que descobriu bactérias contaminantes no opioide fornecido, disse uma fonte do órgão que pediu anonimato.
As mortes foram registradas em hospitais da província de Buenos Aires e da cidade homônima, e das províncias de Santa Fé (centro), Formosa (nordeste) e Córdoba (centro), confirmou o juiz do caso, Ernesto Kreplak, ao jornal La Nación em um artigo publicado na quarta-feira.
Há pelo menos 24 pessoas investigadas cujos bens foram embargados pela Justiça, mas não há detidos. Um deles é Ariel Furfaro García, dono das empresas HLB Pharma e Laboratorios Ramallo, que supostamente produziram e venderam o fentanil contaminado, detalhou o La Nación.
“Isso foi midiaticamente armado. Todas as histórias clínicas mostram que os pacientes tinham outras bactérias mais perigosas, pessoas com problemas sérios”, disse Furfaro García ao jornal Clarín. Ele culpou seu ex-sócio de ter instalado o tema na mídia.
Segundo o La Nación, foram pelo menos cinco lotes contaminados distribuídos em oito hospitais e centros de saúde do país, embora na investigação sejam estudados prontuários médicos de cerca de 200 hospitais.
Uma dessas instituições, onde a investigação começou, é o Hospital Italiano de La Plata, 60 quilômetros ao sul de Buenos Aires, que há duas semanas foi sede de uma manifestação de familiares de mortos que pediam “justiça para as vítimas do fentanil” em seus cartazes.
“O fentanil provocou a morte dele em dias”, disse Alejandro Ayala, irmão de Leonel, que morreu aos 32 anos.
Especialistas alertaram ao La Nación que o número poderia aumentar à medida que novos prontuários médicos são revisados e casos são confirmados em hospitais que ainda não reportaram mortos.
Enquanto isso, o Congresso argentino fez um pedido de informações nesta quarta-feira ao Poder Executivo Nacional para que responda a 26 perguntas relacionadas ao caso. O governo não tem prazo fixado para responder.
