A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou hoje a inexistência de qualquer foco de descarga de águas residuais ou situação de contaminação numa albufeira de Castelo de Vide, distrito de Portalegre, onde surgiram centenas de peixes mortos.
“Confirma-se a inexistência de qualquer foco de descarga de águas residuais ou situação de contaminação, conforme já havia sido preliminarmente comunicado pela APA no dia imediatamente subsequente à ocorrência”, lê-se numa nota enviada à agência Lusa.
A APA explica ainda que, paralelamente, se procurou determinar a eventual causa da mortandade dos peixes, da espécie alburno, tendo as análises efetuadas às amostras de água da Barragem de Póvoa e Meadas revelado valores normais.
“As análises efetuadas às amostras de água da albufeira de Póvoa e Meadas, abrangendo parâmetros de química geral e orgânica, não revelaram quaisquer desvios face aos valores de referência, não se estabelecendo, por essa via, correlação entre a mortalidade das espécies piscícolas e as condições da água na albufeira”, lê-se na nota.
A APA recorda ainda que, na sequência do episódio de mortandade de peixes, recolheu amostras de água no próprio dia da ocorrência (domingo) e no dia seguinte.
Desde o primeiro momento, acrescenta, a prioridade consistiu em “assegurar, com rigor e segurança”, a verificação da qualidade da água. Manteve-se uma monitorização contínua, em “estreita articulação” com as entidades gestoras responsáveis pelo abastecimento para consumo humano.
Contactado hoje pela Lusa, o presidente da Câmara de Castelo de Vide, António Calixto, indicou que o município tem efetuado ao longo dos dias a recolha dos peixes mortos e contou na quinta-feira com o auxílio de uma embarcação das Águas do Vale do Tejo.
“ O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas [ICNF] estipulou um sítio próprio para enterrar os peixes, longe da margem. A câmara abriu um vale e foram aí enterrados”, disse.
Na segunda-feira, em comunicado, a Câmara de Castelo de Vide, alertou para a existência de peixes mortos na Barragem de Póvoa e Meadas e, na altura, disse não possuir “dados concretos” para identificar a origem do problema.
Na nota, assinada pelo presidente do município, Nuno Calixto, e publicada nas redes sociais da autarquia, foi explicado que a APA tinha sido “devidamente contactada e [se encontrava] a par da situação”.
A câmara indicou ter mobilizado meios para o local, com o objetivo de “avaliar o sucedido e implementar as primeiras medidas consideradas necessárias”.
Também na segunda-feira, em comunicado, a APA informou não ter sido “detetado qualquer foco de descarga” de águas residuais ou contaminação nas imediações da barragem.
O PS questionou na quarta-feira a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, sobre o caso, através de uma pergunta assinada por 10 deputados do grupo parlamentar do PS, entre eles Luís Moreira Testa, eleito pelo círculo de Portalegre.
Segundo os subscritores da pergunta, “trata-se de uma situação particularmente preocupante”, já que esta barragem “assegura o abastecimento de água a vários concelhos da região – Nisa, Gavião, Ponte de Sor, Crato, Alter do Chão, Fronteira, Avis e Sousel – colocando inevitavelmente em causa a confiança das populações na segurança do recurso hídrico”.
