O número de alunos com transtorno do espectro autista (TEA) matriculados nas escolas brasileiras aumentou mais de 20 vezes nos últimos dez anos.
Os dados fazem parte do Censo Escolar 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), e revelam o impacto do crescimento dos diagnósticos de autismo na rede de ensino.
Em 2015, o Brasil registrava 41.194 matrículas de alunos com autismo. Em 2024, esse número saltou para 884.403.
O aumento ajudou a puxar o crescimento geral da educação especial no país, que passou de 930,6 mil matrículas em 2015 para 2,07 milhões em 2024.
O levantamento considera alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
A maioria (92,6%) está em classes comuns, em escolas regulares, com direito a atendimento educacional especializado.
Avanço maior entre alunos com autismo
Embora o número de matrículas de alunos com outras deficiências também tenha aumentado na última década, o ritmo de crescimento foi muito menor em relação aos casos de autismo.
O número de alunos com deficiência intelectual passou de 490 mil, em 2015, para 889 mil em 2024. Já as matrículas de estudantes com deficiência física cresceram de 100 mil para 147 mil no mesmo período.
No caso do autismo, o avanço foi muito mais expressivo, com o total de alunos saltando de 41 mil para 884 mil em dez anos.
Inclusão ainda enfrenta desafios
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que os dados mostram o avanço da inclusão nas escolas regulares.
“Chama muita a atenção o salto de crianças com autismo nesse período, mas os dados nos mostram que, mesmo com o aumento, essas crianças estão sendo absorvidas e atendidas pelas escolas regulares. Isso é uma política de educação inclusiva”, disse.
Apesar do crescimento, o Brasil ainda não tem dados precisos sobre o percentual total de crianças e jovens com deficiência que estão na escola.
O IBGE deve divulgar novos dados em breve, com informações detalhadas da população com deficiências e transtornos.
Outro desafio apontado pelo levantamento é a queda no número de matrículas conforme o avanço das etapas de ensino.
De para 1,2 milhão de alunos no ensino fundamental, o número despenca para 262 mil no ensino médio.
O ministro Camilo Santana afirmou que o governo trabalha para garantir que todas as escolas públicas tenham uma sala de recursos adequada.
A meta é ampliar o atendimento educacional especializado e evitar a evasão de alunos com deficiência, principalmente nas etapas finais da educação básica.
Leia mais:
