Quarenta anos após o maior acidente ferroviário da história de Portugal, o memorial às vítimas em Alcafache vai ser requalificado com a inauguração de uma capela em homenagem aos emigrantes, no próximo domingo, 14 de setembro. A cerimónia, que contará com a presença de Ramalho Eanes, Presidente da República à data da tragédia, representa a concretização de um longo esforço para dar “mais dignidade” ao local.
A intervenção inclui uma nova capela com uma imagem de “Nossa Senhora dos Emigrantes”, uma placa toponímica a assinalar a data do desastre, e um protótipo de uma carroçaria de comboio cedido pela CP. “Com muitos sentimentos à mistura, este ano tenho que bater palmas”, afirmou à Lusa José Augusto Sá, que lidera a comissão de homenagem.
O desastre ocorreu a 11 de setembro de 1985, quando o Sud-Express, lotado com mais de 400 emigrantes que regressavam a França após as férias, colidiu frontalmente com um comboio Regional. O número exato de mortos permanece uma incógnita, com estimativas a variar entre 40 e 200. Muitos corpos ficaram carbonizados e foram sepultados numa vala comum no local onde hoje se ergue o memorial.
Para José Augusto Sá, cujos familiares nunca foram encontrados, este local é o único onde os pode recordar. Sem campas para visitar, tem organizado as homenagens anuais desde 2002 para que a tragédia, causada por erro humano, não seja esquecida.
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