A situação alarmante da contaminação do Rio Poti, que afeta diretamente os peixes e, consequentemente, a saúde das comunidades no Ceará, tem gerado preocupação entre os habitantes do distrito de Oiticica, localizado em Crateús. Um estudo recente da Universidade Federal do Ceará (UFC) revelou que o uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura está comprometendo a segurança alimentar dos moradores locais, colocando em risco sua saúde.

Uma realidade preocupante

A aposentada Maria do Carmo Silva, de 68 anos, vive a realidade de muitas famílias que dependem do Rio Poti para a subsistência. A professora se mostrou alarmada com as recentes descobertas sobre a contaminação do rio, que, segundo a pesquisa da UFC, pode causar doenças graves, como câncer. O estudo, realizado em agosto deste ano, foi motivado por relatos de moradores que notaram alterações nos peixes, como vermelhidão nos olhos.

A pesquisa identificou que a contaminação dos peixes é resultado do uso crescente de inseticidas na agricultura, que permeia a água e afeta diretamente a fauna local. Isso tem gerado uma preocupação crescente entre as comunidades que tradicionalmente pescam no rio para alimentar suas famílias.

A história de Oiticica

Oiticica, um distrito marcado pela escassez populacional, já foi um local de maior movimentação comercial e social, mas agora retrata a triste realidade da “cidade-fantasma”. Maria do Carmo relembra os dias passados, quando o distrito tinha um comércio ativo e uma população vibrante. Hoje, poucas famílias permanecem, e a dependência do rio se torna cada vez mais crítica, especialmente com a crescente contaminação.

“Eu fiquei preocupada quando soube da história da pesquisa, que os peixes estavam contaminados. De vez em quando, a gente come um peixinho desse rio”, diz Maria, ressaltando a necessidade de um cuidado redobrado com a alimentação local.

Consequências para a saúde

Os resultados da pesquisa alarmam não apenas os pescadores e suas famílias, mas também os estudiosos que acompanham o fenômeno. A ingestão regular de peixes contaminados pode estar associada ao desenvolvimento de doenças obesas. Segundo o relatório, apenas 150 gramas de filé de peixe contaminado por dia durante 70 anos pode resultar em consequências severas, como câncer, disfunções hormonais e neurológicas.

O químico Maurício Macedo destacou que a exposição crônica a resíduos de agrotóxicos pode provocar distúrbios endócrinos, déficits neurológicos e comprometimento das funções hepáticas e renais. Essas informações revelam a gravidade da situação enfrentada pelas comunidades ao redor do Rio Poti.

O ciclo de contaminação

As pesquisadoras Ana Clara Rosendo e Isadora Brandão explicam que a contaminação pode ocorrer de várias maneiras, incluindo o escoamento de resíduos agrícolas que alcançam os rios e a infiltração no solo. “Na Ibiapaba, onde as concentrações de contaminação são mais elevadas, isso nos diz que talvez esteja relacionado a práticas agrícolas mais intensas na região”, afirmaram.

O Rio Poti não só serve como fonte de alimento para os moradores, mas também é vital para as práticas culturais e a economia local, que envolvem a agricultura familiar e a pesca. Com a poluição crescente, torna-se necessário um monitoramento intensivo e soluções eficazes para controlar a situação.

Buscando soluções

A pesquisa não tem como objetivo apontar culpados, mas sim encontrar soluções para minimizar os impactos da poluição sobre a saúde das comunidades. As pesquisadores estão em contato constante com os moradores, buscando disseminar informações sobre os riscos e possíveis medidas de prevenção. “Queremos aumentar a conscientização sobre a importância da proteção ambiental e promover o bem-estar das pessoas”, afirmou Ana Clara.

Ainda há muito a ser feito para enfrentar essa situação crítica. As pesquisadoras desejam expandir seus estudos para monitorar a saúde da população exposta aos contaminantes e os impactos a longo prazo. Enquanto isso, Maria do Carmo e sua comunidade continuam a viver com esperança, mas conscientes dos riscos que podem afetar a saúde de todos.

O futuro e a necessidade de ação

As comunidades ao longo do Rio Poti pedem por uma resposta rápida e eficaz das autoridades. Segundo as pesquisadoras, é imprescindível que políticas públicas sejam implementadas com urgência para garantir a conservação do ambiente e a saúde da população. O problema da contaminação do Rio Poti é um alerta para a necessidade de proteção não só para a biodiversidade local, mas também para a vida humana.

Com os estudos da UFC, a população começa a vislumbrar a possibilidade de mudanças que podem levar a um futuro mais seguro e saudável. Contudo, essas mudanças só ocorrerão por meio de ação conjunta e sensibilização de todos os envolvidos na questão, desde os produtores agrícolas até as autoridades locais.

Ao final, Maria do Carmo reflete sobre a importância do cuidado com o meio ambiente e a necessidade de informações que possam realmente fazer a diferença no cotidiano de seu distrito. “Estamos todos interconectados, e é por isso que precisamos de respostas e soluções para essa contaminação”, conclui.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *