Natal ainda está em choque. O vídeo é insuportável, mas necessário para expor até onde pode chegar a brutalidade humana. Igor Eduardo Pereira Cabral, 29 anos, ex-jogador de basquete, agrediu a namorada com uma fúria animalesca: mais de 60 socos em poucos segundos, dentro do elevador de um condomínio em Ponta Negra. O resultado foi um rosto desfigurado, múltiplas fraturas e um traumatismo que quase custou a vida da vítima.
O agressor não agiu às escondidas. Sabia que estava sendo filmado pelas câmeras, mas não se importou. A certeza da impunidade falou mais alto do que qualquer resquício de consciência.
O perfil psicológico de Igor Cabral
Longe de ser um homem calmo, Igor carrega um histórico de brigas, confusões e agressões físicas já registrado em boletins de ocorrência anteriores. Colegas relatam episódios de explosões emocionais e comportamento violento em situações banais. Não se trata, portanto, de um “acidente isolado” ou de um “surto repentino”: o episódio no elevador foi apenas o ápice cruel de um padrão de descontrole e agressividade que vinha sendo construído há anos.

Ao mesmo tempo, Igor cultivava uma imagem pública de ex-atleta promissor, jovem universitário e pai de família. Essa contradição é comum em muitos agressores: em público, o verniz da normalidade; em privado, a face da violência. Psicologicamente, trata-se de um perfil de dupla identidade social – alguém que busca aprovação externa, mas que, em momentos de crise, revela a violência latente que nunca foi devidamente confrontada.
Agora, preso em flagrante, Igor tenta vestir uma máscara conveniente: “sou autista”, “tive claustrofobia”, “foi um surto”. Narrativas que soam muito mais como estratégia de defesa jurídica do que como realidade clínica. E aqui surge a grande perversidade: quando diagnósticos médicos viram escudo para encobrir falta de caráter, a sociedade inteira perde.

A pergunta que fica
Quantas vezes Igor já passou do limite sem consequências? Essa foi a primeira mulher que sofreu em suas mãos? Ou apenas a primeira que quase morreu?
O Brasil é o quinto país do mundo que mais mata mulheres em crimes de gênero. E enquanto a Justiça não endurecer contra os agressores – sejam eles “jogadores”, “estudantes” ou “filhinhos de papai” -, a cada nova manchete estaremos diante da mesma tragédia repetida.
Esse caso é mais do que uma tentativa de feminicídio. É um retrato da permissividade cultural, da desculpa institucionalizada e da falência de limites.
A pergunta é: quantas Joanas, Marias, Anas e Silvanas ainda precisarão ter o rosto desfigurado para que o Brasil finalmente acorde?
Nossa equipe de reportagem ainda não conseguiu contato com Igor Cabral ou com sua defesa, mas desde já deixa consignado o espaço para toda e qualquer explicação sobre o caso.