Maputo, 7 Ago (AIM) — Durante a retomada da quinta sessão das negociações (INC 5.2) para um tratado global sobre poluição plástica, os países africanos reforçaram sua posição conjunta e destacaram seus diferentes desafios, apesar de serem uma das regiões menos responsáveis pela produção de plástico.
As negociações, realizadas entre 5 e 14 de agosto no Palais des Nations em Genebra, visam concluir o texto jurídico deste tratado internacional que abrange todo o ciclo de vida do plástico, desde sua produção e design até a disposição final. escreve AGI.
Apesar de produzir menos de cinco por cento do plástico actualmente fabricado globalmente, África registra uma das maiores proporções de contaminação plástica por uso intensivo de plásticos descartáveis e sistemas de gestão de resíduos deficitários. Essa situação coloca o continente em posição singular, entre os menos responsáveis e os mais afectados.
Países africanos comprometeram-se a apresentar uma voz única nas negociações, defendendo urgentemente a redução da produção plástica e a proibição de polímeros e aditivos químicos nocivos.
Este encontro representa o que muitos esperam ser um ponto de virada decisivo no processo de um “acordo de Paris para o plástico”. Contudo, enfrenta resistências de nações produtoras de combustíveis fósseis, como EUA, Arábia Saudita e Rússia, que rejeitam limites à produção, preferindo soluções baseadas em reciclagem. Especialistas alertam que apenas a reciclagem não será suficiente para enfrentar a crise.
Inger Andersen, diretora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, destacou na abertura que, “A poluição plástica está agora presente em nossos oceanos, na natureza e até mesmo em nossos corpos. Se continuarmos nesse ritmo, todo o mundo estará imerso em plástico, com consequências graves para o planeta, a economia e a saúde humana.”
Para os países africanos, este tratado é uma oportunidade vital para abordar os impactos desproporcionais que já comprometem ecossistemas e vidas na região. Além disso, esperam que o texto seja robusto em termos de mecanismos financeiros, apoio à transição e responsabilidades claras dos produtores de plásticos.
(AIM)
Paulino Checo/