Um relatório divulgado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no último dia 30 de outubro, mostra que o Acre está “ameaçado” pela mineração peruana e o risco de contaminação por mercúrio.

O documento evidencia que o Brasil é um dos principais destinos do mercúrio contrabandeado na América do Sul, utilizado majoritariamente em garimpos ilegais, e enfatiza a necessidade de ações coordenadas entre países amazônicos para conter o fluxo ilícito do metal e mitigar seus efeitos socioambientais.

Para se ter uma ideia, a atividade garimpeira informal no Peru gera grandes impactos ambientais por uso de mercúrio, principalmente no leste do país, na região amazônica de Madre de Dios, próximo às fronteiras com o Acre e com a Bolívia. Nessa região, há aproximadamente 40 mil garimpeiros atuando de maneira informal e ilegal, resultando em 70% de toda produção ilegal de ouro do país andino.

“Estima-se que a atividade tenha sido responsável pelo despejo de 3 mil toneladas de mercúrio nos rios da região em 20 anos”, afirma o documento.

WhatsApp_Image_2025-11-01_at_10.55.23.jpeg

O estudo revela, ainda, que criminosos ‘empresários’ bolivianos importam o Mercúrio e o revendem aos garimpeiros peruanos. A evidência para isso é que a Bolívia tem comprado muito mais mercúrio do que o utilizado em suas atividades, ou seja, compra para revenda. Nesse contexto, os pesquisadores citam o Acre como uma dessas rotas de passagem do mercúrio ilegal para atender os garimpos tanto na Bolívia quanto no Peru.

“Com objetivo de se evadir da fiscalização estabelecida no Peru, as organizações criminosas que lá atuavam realocaram suas operações para a Bolívia, mantendo, a partir desse país, sua estrutura de abastecimento de mercúrio para a região amazônica. Entre 2014 e 2015, as importações de mercúrio da Bolívia dispararam, atingindo em 2016 o pico histórico de 238,3 toneladas brutas, sendo o México o principal fornecedor. Conforme a Figura 8, evidencia-se forte correlação entre a diminuição das importações peruanas de mercúrio com o aumento das importações bolivianas do metal”, pontua.

WhatsApp_Image_2025-11-01_at_10.54.03.jpeg

E acrescentam: “quanto ao Acre, a existência de corredor logístico boliviano que parte da capital La Paz, atravessa o Peru – sobretudo a região do garimpo de La Pampa –, entra no Brasil pelo município de Assis Brasil/AC, para então chegar a Cobija/Bolívia, indica provável rota de escoamento do mercúrio que abastece o marketplace da região fronteiriça com Brasileia/AC e Epitaciolândia/AC”.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *