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Um levantamento recente realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado em 30 de outubro, alerta que o Acre está sob ameaça de contaminação por mercúrio, em decorrência da mineração ilegal em regiões vizinhas do Peru e da Bolívia.

Cerca de 40 mil trabalhadores atuam de forma irregular em Madre de Dios, contribuindo com 70% da produção de ouro ilegal do país/Foto: Ilustrativa
De acordo com o estudo, o Brasil é um dos principais destinos do mercúrio contrabandeado na América do Sul, amplamente usado em garimpos informais. No Peru, especialmente na região amazônica de Madre de Dios, próxima às fronteiras com Acre e Bolívia, cerca de 40 mil garimpeiros trabalham de forma irregular.
A cooperação entre os países amazônicos para controlar o fluxo ilegal do metal e reduzir seus impactos ambientais e sociais é fundamental nesse processo. Segundo o relatório, aproximadamente 3 mil toneladas do metal foram descartadas nos rios locais nas últimas duas décadas.
O Acre surge neste cenário como uma rota estratégica para o transporte do mercúrio, abastecendo garimpos tanto na Bolívia quanto no Peru, pois segundo o documento, empresários bolivianos estariam importando mercúrio em excesso e revendendo-o aos garimpeiros peruanos, aproveitando-se da diferença entre o que o país consome internamente e o que é comercializado ilegalmente.

Empresários bolivianos importam mercúrio em excesso e abastecem garimpos peruanos, utilizando o Acre como corredor logístico
“Para escapar da fiscalização peruana, grupos criminosos transferiram suas operações para a Bolívia, mantendo o fornecimento de mercúrio para a Amazônia. Entre 2014 e 2015, as importações bolivianas do metal aumentaram consideravelmente, alcançando um pico de 238,3 toneladas em 2016, com o México como principal fornecedor. Observa-se uma forte correlação entre a queda das importações peruanas e o crescimento das importações bolivianas”, detalha o relatório.
Ainda de acordo com o estudo, há indícios de que o Acre funciona como corredor logístico do contrabando: partindo de La Paz, na Bolívia, passando pelo Peru — principalmente pela área de garimpo de La Pampa —, entrando no Brasil via Assis Brasil/AC e seguindo para Cobija, na Bolívia. Essa rota abasteceria o mercado ilegal na região fronteiriça com Brasileia e Epitaciolândia.
