A PetroReconcavo anunciou na noite de ontem a assinatura de um acordo de parceria vinculante com a Brava Energia para a aquisição de 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. A notícia foi bem recebida por analistas e investidores, o que faz as ações das juniores (como são chamadas as operações das empresas privadas – que são menores – no setor) subirem no pregão desta quinta (19).
Apesar da queda de pares setoriais, a ação da PetroReconcavo – que chegou a subir mais de 3% antes de perder tração – fechou o dia com alta de 0,96%, negociada a R$ 15,70, enquanto a da Brava Energia avançou 1,75% hoje, a R$ 20,30.
O valor da transação é de US$ 65 milhões e também prevê compromissos de suprimento de gás entre as companhias. Segundo a XP, o acordo que a Brava Energia e a PetroReconcavo assinaram para estudar a parceria em infraestrutura de gás natural no Rio Grande do Norte é positiva para as duas companhias.
Os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm escrevem que a operação se alinha com o objetivo da Brava de focar em seus principais negócios e dá injeção de capital importante para apoiar a desalavancagem (redução do índice de endividamento).
Já a PetroReconcavo, ao comprar participação na infraestrutura de processamento e escoamento de gás natural na Bacia Potiguar, reduz custos por não precisar utilizar equipamentos de terceiros.
O ponto negativo para a PetroReconcavo é que o valor de US$ 65 milhões pago equivale a 9% do seu valor de mercado, o que pode afetar negativamente o rendimento de dividendos esperado da empresa em 2025.
O Citi, por sua vez, avalia que a racionalização do portfólio da Brava é um fator positivo e que essa transação com a PetroReconcavo deve maximizar o uso dos ativos de infraestrutura, já que a produção atual da Brava na região não atende à capacidade operacional e 70% de seu volume de processamento é de gás da PetroReconcavo.
Embora ressalve que a comparação seja complexa devido a características específicas de cada projeto, o banco menciona que a transação equivale a um custo diário de US$ 43 por metro cúbico produzido.
No caso da unidade de processamento de gás natural no polo Miranga (UPGN Miranga), o custo diário foi de US$ 63 por metro cúbico, chegando a US$ 12,5 na unidade de tratamento de gás natural de São Roque.
O negócio em potencial envolvendo a bacia Potiguar está precificado a um custo de US$ 80 por metro cúbico ao dia.
O Citi tem recomendação de compra para as ações da Brava, com preço-alvo de R$ 30.
O BTG vai na mesma linha, de que o acordo tende a ser positivo para ambas as companhias. Segundo a corretora, se o acordo for concretizado, deve ter um efeito positivo entre acionistas de ambos os lados, mas é pouco provável que resulte em uma grande reavaliação das ações.
Os analistas do BTG afirmam que a Brava está dando os primeiros passos na racionalização da sua operação e que o potencial aporte de US$ 65 milhões diminuiria a alavancagem modestamente em cerca de 0,1 vez a relação entre dívida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).
Em termos de valorização, o BTG avalia que o potencial negócio implica um prêmio de 61% em relação à avaliação da corretora dos ativos transporte, exploração e produção da Brava, de US$ 81 milhões.
Para a PetroReconcavo, o negócio reduz a dependência e gera oportunidade de crescimento, além de economizar custos no pagamento à Brava para processamento de gás.
Além disso, o acordo reduz os riscos de produção da PetroReconcavo, como o recente corte de produção devido à parada de manutenção da Brava. Ao mesmo tempo, ter uma participação de 50% do ativo oferece mais flexibilidade para apoiar o crescimento da produção de gás.
O BTG reitera sua recomendação de compra para as ações da Brava e da PetroReconcavo.
Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.