O açaí, símbolo da culinária amazônica, não poderá ser comercializado durante a COP30, que acontece em novembro em Belém. A proibição está prevista no edital da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) para seleção de operadores de restaurantes e quiosques no evento. O motivo é o risco de contaminação pelo protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, quando o fruto não passa por pasteurização.
Açaí e a transmissão da doença
A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, geralmente transmitido pelo contato com fezes do inseto barbeiro. Porém, um estudo publicado em 2020 pelo professor Odilson Silvestre, da Universidade Federal do Acre, mostrou que a ingestão de alimentos contaminados, especialmente o açaí, tornou-se a principal forma de disseminação no Brasil.
A pesquisa revisou 41 trabalhos entre 1968 e 2018, envolvendo 2.470 casos e 97 óbitos. A maioria foi registrada na Amazônia, em especial no Pará, estado que lidera as ocorrências.
Como tornar o fruto seguro
Segundo Silvestre, o risco pode ser eliminado com o processo de branqueamento, em que o fruto é aquecido a 80ºC por 10 segundos e depois resfriado antes do processamento. Esse método mata o Trypanosoma cruzi e garante a segurança do produto.
“É fundamental que os vendedores sejam treinados para aplicar corretamente esse procedimento”, destacou o pesquisador.
Sintomas e tratamento
Na fase aguda, a doença de Chagas pode provocar febre prolongada, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e pernas, além de lesões na pele em caso de picada do barbeiro. Se não tratada, pode evoluir para a fase crônica, gerando problemas cardíacos e digestivos graves.
O tratamento indicado é o uso do medicamento benznidazol, fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Em casos específicos, pode ser utilizada a alternativa nifurtimox, também distribuída pelo SUS.
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