A sucessão de notícias negativas na saúde é difícil de compreender. Está em causa uma das áreas mais sensíveis da política pública, que joga com os temas da vida e da morte. O progressivo desgaste do prestígio do Serviço Nacional de Saúde é, por isso, um drama para toda a comunidade. Eis um campo da governação em que se gerou uma claríssima sensação de insegurança. E já não se trata apenas, e já era muito, das urgências fechadas, das maternidades sem uso, dos bebés que nascem nas ambulâncias, ou das grávidas abandonadas à sua sorte e cujo infortúnio segue para o tradicional inquérito.
Neste momento, o pior é a sensação de que não há um plano, uma ideia, um rumo traçado que nos acenda uma luz ao fundo do túnel. Uma coisa era podermos acusar o Governo de excessivo estatismo, ou, pelo contrário, de tendência para a privatização, ou outra ideologia qualquer. Isso representaria sempre uma opção estratégica que avaliaríamos, no futuro, pelos resultados. O pior é este estado de coisas, em que estamos permanentemente desprotegidos, e com os limites do admissível cada vez mais distantes. A cada tragédia parece que a fronteira do choque fica ainda mais lassa. Já não se trata de demitir a ministra. Trata-se da pura evidência de que o País precisa de uma personalidade de peso político incontestável para fazer frente a este desastre. E com urgência, passe o pleonasmo. A saúde não pode continuar a ser uma máquina de destruir Governos.
