Nesta quarta tivemos mais uma trágica notícia: soubemos que o general Augusto Heleno, 78 anos, uma legenda do exército, terá de cumprir pena de 21 anos e sofre de Alzheimer já há uns sete anos. Alzheimer é uma doença progressiva. Eu conheço o general Heleno há muito tempo, e nunca vi nenhuma manifestação dele que não fosse dentro da lei, da ordem e da Constituição. É um oficial brilhante.

Agora a ideia é que todos esqueçam o quanto antes o desastre da COP 30

De repente todos pararam de falar na COP 30. Parece até orquestrado, como se viesse uma ordem para ninguém falar mais nada desse desastre que houve em Belém. E vejam só a hipocrisia, ou a ironia, ou o paradoxo: o segundo maior rebanho bovino do Brasil está no Pará, ou seja, o estado é um dos principais produtores de proteínas animais deste país; mas está em primeiro lugar na fome. É o IBGE que diz isso: 44,6% dos domicílios do Pará têm insegurança alimentar, têm problemas sérios de fome.

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Na COP, tivemos essa tentativa de exibir uma brilhante Amazônia, mas, a não ser que nossas fontes de informação estejam nos enganando, sabemos – nós já sabíamos, os estrangeiros talvez tenham descoberto agora –  que o crime organizado já domina a entrada do Rio Solimões, que depois vira Amazonas, e outras áreas da região. O PCC domina uma parte, o Comando Vermelho manda em outra. Em Jacareacanga (PA), por exemplo, surgiu a foto de um aviso: “Comando Vermelho. Proibido roubar na quebrada”. Os bandidos estão dizendo onde em Jacareacanga não se pode roubar, e a ordem não é da polícia, é do crime organizado.

O que existe, mas não se mostrou, foi a insegurança fundiária de milhares de brasileiros trabalhadores que estão lá produzindo cacau, criando gado, que construíram escolas e igrejas, para de repente vir o governo federal e tirar tudo, queimando as casas, as escolas, as igrejas, e forçando todos a se mudarem. O Incra colocou as pessoas em várias áreas, mas depois inventaram reservas indígena, e aí prevalece a terra para os índios. É a injustiça social na Amazônia. 

Incêndio em Hong Kong mostra importância de pensar em segurança dos edifícios  

Eu implico com a altura de prédios onde as pessoas vão morar não só porque, se faltar eletricidade, as pessoas terão de subir ou descer 30 andares, mas também por outros motivos. Um deles é o que aconteceu nesta quarta em Hong Kong, a antiga possessão britânica que voltou a ser chinesa. Um condomínio de oito prédios pegou fogo, os bombeiros ainda estavam tentando apagar o incêndio, e não se sabe quantos morreram – eu calculo, pelo noticiário, uns 300 que ficaram presos lá dentro. Como é que vão todos descer de um prédio de 31 andares?

E vejo que o noticiário de lá também está em decadência, porque fala em “diversos edifícios”. Essa palavrinha não existe em jornalismo, pelo menos quando eu lecionava na PUC e no Ceub. “Vários”, “diversos”, “muitos”, “alguns”, isso não existe em jornalismo; nós contamos para informar o número certo. Pode existir na conversa fiada, mas em jornalismo temos de ser claros e objetivos. “Diversos prédios foram atingidos”… eu sei que há oito prédios ali, de 31 andares, 2 mil apartamentos, onde moram ou moravam quase 5 mil pessoas.

A especulação imobiliária avança em sentido vertical, empilhando todo mundo. Há uma concentração muito grande de demanda de energia elétrica, de esgoto, de consumo de água, de lugar para estacionar, de peso sobre o solo, e também de pessoas que estão contíguas, com o barulho de um atrapalhando o outro. Nunca gostei disso. Em prédio é preciso haver um mínimo de conforto, mas, sobretudo, de segurança. É bom que todo mundo pense nisso, olhando as imagens de Hong Kong.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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