Não sei se ainda há algum acontecimento que nos possa admirar nos dias que correm, pois são tantas as loucuras a que assistimos que efetivamente nada nos pode espantar. Contudo, desviarmo-nos de as referir sugere que deixemos que aconteçam sem nos importarmos com isso. Não. São demasiado graves para que passemos ao lado.
Bem, se há loucuras é porque há loucos que as cometem e a verdade é que eles não faltam e não se escondem. Até têm prazer em aparecer nas páginas dos meios de comunicação de todos os países e de todo o mundo.
Depois de quase quatro anos de guerra na Ucrânia, as tentativas de uma paz que não chega, arrasta os líderes dos países interessados para mesas de negociações intermináveis e que nada resolvem. O mais importante é que os mais interessados não se sentam à mesma mesa, embora continuem a mostrar o seu cometimento e a propor meios de chegar a uma paz que só interessa a um dos lados. Quando muito, a dois, à Rússia e aos EUA. Melhor, a Putin e a Trump, porque, na verdade, nem os russos nem os americanos foram ouvidos sobre o assunto. Seriam demasiados loucos a aprovar tamanha loucura.
Ambos os lados, Rússia e EUA, passaram ao lado da época festiva natalícia. No dia de Natal, a Rússia bombardeou várias cidades da Ucrânia o que levou a que milhares de pessoas passassem a noite de consoada ao frio, sem aquecimento e às escuras. Famílias desfeitas pela guerra, sem entes queridos que pereceram na guerra, juntaram os que restam numa ceia onde imperou o frio, a escuridão e a destruição, a par da dor, para celebrar a época que sempre foi da união, da família e da esperança. Como pode haver esperança quando andam dois loucos a destrui-la?
A insensibilidade é apanágio dos loucos, claro, e isso sabemos bem. Não tem cura. Apenas uma. Zelensky desejou-a a Putin, mas nem Deus deseja a morte seja a quem for. Até porque, se isso acontecesse, outros loucos nasceriam imediatamente para continuar o desastre.
Assim, está longe a paz que os loucos não querem, mas que teimam em fazer acreditar os que têm esperança. A eternização do conflito interessa tanto a Trump como a Putin, embora a tecla a soar seja sempre a mesma. A esperança numa paz, que não sendo justa nem pretendida nos moldes já apresentados, leva Zelensky a andar numa roda vida para minorar estragos e acabar com uma guerra insana e sem sentido ou razão plausível. E lá foi ele, uma vez mais, até à Flórida para ser desprezado por Trump, o todo poderoso e o mais louco dos loucos.
Mas alguns países europeus têm igualmente loucos de igual calibre. Basta olharmos para os que se opõem a dar ajudas ou contributos à Ucrânia para travar o poderio russo. Esses precisam do que a Rússia tem para lhes vender e que não querem perder. Tudo uma questão económica e de certo modo, uma política mais próxima de Putin. O petróleo e o gaz falam mais alto. No fundo, vivem à deriva, pois precisam da Europa e também não querem virar costas à Rússia. Enfim, fracos aproveitadores.
Entretanto, a Rússia continua a bombardear cidades como Kiev, Odessa e as que já conhecemos como alvos favoritos, deixando as pessoas sem aquecimento e sem eletricidade, passando as noites à luz da vela. Seria romântico se o cenário fosse outro, mas não é.
Mas estes loucos são os mesmos que manobram os ataques da Síria, de Gaza, na Cisjordânia e na Nigéria. E não podemos esquecer, que a loucura é tão grande que se ameaça uma invasão na Venezuela e se volta a reclamar o interesse na Gronelândia. Será que os loucos podem morrer da própria doença? Era bom que não houvesse antídoto.
Continuar a referir que a Europa é menosprezada por estes loucos, é ser repetitivo, mas talvez a repetição acabe por se tornar um trunfo mais tarde e acabe por ganhar pontos, nesta ou em outra guerra qualquer. Aqui há medo do que a Federação Russa possa fazer, mas a verdade é que a Europa Unida ou mesmo só a Noruega, a Finlândia, a França, Alemanha e Canadá, têm muito mais poder do que a Rússia. Então porque não avançar com imposições sérias à Rússia e levá-la a repensar a loucura latente nas ameaças proferidas? Já nada há mais a temer. Não se pode combater a guerra com outra guerra, pois seria demasiado cruel, mas há formas poderosíssimas para vergar a Rússia, a começar por derrotar a sua fraca economia e convencer os próprios russos da loucura do seu líder. Só o medo os faz estar inativos. Por quanto tempo mais? Putin sabe que a loucura não dura sempre e ele também não. Quantas vezes já pensou se será o próximo a ser morto por mais um atentado? Nos últimos dias já morreram três ou quatro generais. Ele pode ser o próximo. Ele sabe disso e mesmo que a loucura não lhe permita demonstrá-lo, ele tem muito medo. Um dia, apresentará contas, tal como os outros loucos que andam à solta.