O Monte Etna, na ilha italiana da Sicília, registou uma nova fase de atividade eruptiva no dia 26 de dezembro, com episódios de explosões, emissão de cinzas e escoadas de lava. De acordo com o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), a atividade teve momentos de maior e menor intensidade ao longo do período, com particular destaque para a Cratera Nordeste e para a área da Voragine.
O episódio começou a ser acompanhado pelo Observatório do Etna do INGV na manhã de 26 de dezembro, quando foi comunicada uma atividade estromboliana intensa e contínua na Cratera Nordeste, com projeção de material incandescente e libertação de quantidades moderadas de cinza vulcânica. Segundo o mesmo comunicado, o vento transportou a nuvem eruptiva para nordeste e foram assinaladas ligeiras quedas de cinza em zonas como Piano Provenzana e Taormina.
O que aconteceu entre 26 e 27 de dezembro
Nas 24 horas seguintes, o INGV refere que a atividade nas crateras somitais se intensificou, mantendo-se na Cratera Nordeste com explosões quase contínuas. Durante a noite, a visibilidade terá sido condicionada por nebulosidade densa, mas com sinais luminosos persistentes acima da área da cratera, associados à atividade em curso.
Já na manhã de 27 de dezembro, o observatório descreveu um aumento rápido da intensidade por volta das 09:00 UTC (9 da manhã em Portugal continental), com fontes de lava estimadas em cerca de 150 a 200 metros e emissão contínua de cinza, antes de uma diminuição registada perto das 09:50 UTC (09:50 em Portugal continental).
Cratera Nordeste e Voragine no centro do episódio
Além da atividade na Cratera Nordeste, o INGV indicou a abertura de uma boca no alto flanco oriental da cratera Voragine, associada ao início de um fluxo de lava na vertente oriental. Segundo o instituto, a escoada estaria a dirigir-se para a parte superior do Vale do Bove, embora a extensão não fosse totalmente observável num primeiro momento devido à cobertura de nuvens, tendo sido referido um reconhecimento no terreno para recolha de informação adicional.
Mais tarde, a agência ANSA noticiou, com base numa atualização do Observatório do Etna, que ao final da tarde de 27 de dezembro se registou uma nova sequência de fortes explosões na Cratera Nordeste. Na mesma atualização, foi referido que a escoada associada a uma boca na base oriental da Voragine terá percorrido cerca de 1,8 quilómetros em direção ao Vale do Bove, segundo estimativas baseadas em imagens de satélite.
Cinza na atmosfera e aviso vermelho para a aviação
A evolução do episódio levou também à emissão de avisos para a aviação. Escreve a ANSA que foi emitido um aviso VONA de cor vermelha, o nível máximo numa escala de quatro, e que, nesse momento, a fase eruptiva não estava a comprometer a plena operação do Aeroporto Internacional Vincenzo Bellini, em Catânia, embora a situação estivesse a ser acompanhada.
Em paralelo, a Sky TG24 deu conta de uma dinâmica descrita como intermitente, com fases de “paragem e retoma” ao longo do dia, incluindo fontes de lava mais elevadas e uma coluna eruptiva que se elevou alguns quilómetros acima do topo, antes de ser transportada pelo vento.
Os avisos ligados à cinza vulcânica são normalmente acompanhados por centros especializados. No caso do Etna, o Toulouse Volcanic Ash Advisory Center mantém listagens regulares de boletins relativos ao vulcão, com atualizações publicadas ao longo de 26, 27 e 28 de dezembro.
O Etna e o contexto: um vulcão sob vigilância permanente
O Etna é frequentemente descrito como um dos vulcões mais ativos do mundo e é considerado o vulcão ativo mais alto da Europa. A sua altitude varia com a atividade eruptiva, mas medições recentes apontam para 3.403 metros acima do nível do mar.
Classificado como Património Mundial, o sítio do Monte Etna é apresentado pela UNESCO como um local icónico e com atividade quase contínua, com relevância para a investigação em vulcanologia e geofísica. Neste enquadramento, os comunicados do INGV integram um sistema de vigilância que pretende informar as autoridades de proteção civil e apoiar a gestão do risco.
