Em resposta às crescentes preocupações com a segurança das bebidas alcoólicas consumidas no Estado, especialmente em um ano marcado por episódios graves de contaminação no país, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) anunciou um novo investimento para ampliar o controle da qualidade de bebidas em Minas Gerais.
Com recursos do Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (FEPDC), viabilizados por meio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o projeto prevê a aplicação de quase R$ 2 milhões na implantação de um Laboratório de Análise de Bebidas (LABE), que funcionará junto ao Laboratório de Química Agropecuária (LQA), instalado no CeasaMinas, em Contagem.
O objetivo é fortalecer a fiscalização, acelerar análises laboratoriais e garantir que bebidas alcoólicas comercializadas no Estado atendam aos padrões de identidade, qualidade e segurança, reduzindo riscos de fraude, adulteração e contaminação que possam colocar em risco a saúde dos consumidores.
Resposta a um ano de alertas sobre bebidas adulteradas
O investimento ocorre em um contexto de atenção redobrada das autoridades sanitárias. Em 2025, o Brasil registrou um surto de intoxicações causadas por metanol em bebidas destiladas, como vodca, whisky e gin. O metanol é uma substância altamente tóxica e proibida para consumo humano, podendo provocar cegueira, danos neurológicos severos e até a morte.
Os episódios reforçaram a necessidade de monitoramento rigoroso da cadeia produtiva e comercial, além de ações preventivas para coibir a circulação de bebidas adulteradas no mercado formal e informal. Em Minas Gerais, o cenário acendeu alertas em órgãos de fiscalização e em entidades privadas, que chegaram a adotar medidas preventivas para restringir o consumo de destilados diante das suspeitas.
Lições deixadas pelo caso Backer
A ampliação do controle de qualidade também remete a um dos episódios mais emblemáticos da história recente da indústria de bebidas em Minas Gerais: o caso da Cervejaria Backer. Em 2020, lotes de cervejas produzidas pela empresa foram contaminados por substâncias tóxicas, provocando dezenas de intoxicações e a morte de consumidores.
O caso teve ampla repercussão nacional, expôs fragilidades nos sistemas de controle industrial e levou a mudanças na forma como o poder público e o setor produtivo passaram a encarar a fiscalização de bebidas. Mesmo anos depois, o episódio segue como referência da importância de mecanismos rigorosos de prevenção, rastreabilidade e análise laboratorial.
Estrutura e atuação do novo laboratório
De acordo com o IMA, o novo laboratório permitirá reduzir o tempo entre a coleta das amostras e a liberação dos resultados, além de ampliar significativamente a capacidade de análise. A estrutura contará com equipe técnica especializada, formada por profissionais como químicos e farmacêuticos, e equipamentos específicos para identificar adulterações e substâncias irregulares em bebidas alcoólicas.
A iniciativa também fortalece as políticas públicas de proteção ao consumidor, ao mesmo tempo em que contribui para a credibilidade da produção legal de bebidas em Minas Gerais, importante setor da economia estadual.
Proteção ao consumidor e à economia mineira
Para o governo estadual, o investimento representa um avanço estratégico na defesa do consumidor e na preservação da imagem dos produtos mineiros. Ao reforçar o controle de qualidade, o Estado busca evitar novos episódios de contaminação, proteger a saúde da população e garantir um ambiente mais seguro e transparente para produtores, comerciantes e consumidores.
