A central nuclear de Chernobyl continua vulnerável quase um ano após um ataque com drone russo ter danificado gravemente o Novo Confinamento Seguro, a estrutura concebida para impedir a libertação de material radioativo no local do pior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986. Segundo o ‘Kyiv Post’, os trabalhos de reparação ainda decorrem e poderão prolongar-se por mais três a quatro anos.

O ataque, ocorrido em fevereiro último, abriu um grande buraco na cúpula exterior do confinamento, uma estrutura de alta tecnologia criada para substituir o antigo sarcófago de aço e betão erguido à pressa após o desastre. De acordo com Sergiy Tarakanov, diretor da central, a cobertura externa deixou de cumprir plenamente a sua principal função de conter substâncias radioativas, uma preocupação também partilhada pela Agência Internacional de Energia Atómica.

Dez meses depois do impacto, a enorme cratera provocada pelo drone foi tapada com uma tela protetora, mas continuam por selar cerca de 300 orifícios mais pequenos, abertos durante as operações de combate ao incêndio que se seguiu ao ataque. O ‘Kyiv Post’ relata ainda que o episódio levantou dúvidas sobre a durabilidade da estrutura, originalmente projetada para resistir durante cerca de 100 anos.

Estrutura danificada e risco persistente

No interior do confinamento, andaimes envolvem a gigantesca estrutura, que atinge cerca de 100 metros de altura. Durante uma visita ao local, jornalistas constataram que ainda permanecem no chão detritos carbonizados resultantes do ataque, sinal da violência do impacto sofrido pela instalação.

A central foi ocupada pelas forças russas no primeiro dia da invasão da Ucrânia, em 2022, embora Moscovo se tenha retirado semanas depois. Desde então, Kiev tem acusado repetidamente a Rússia de colocar em risco a segurança de Chernobyl e de outras centrais nucleares ucranianas, sublinhando o perigo de um desastre de grandes dimensões.

Em outubro, um ataque russo a uma subestação próxima interrompeu o fornecimento de energia ao sistema de confinamento, obrigando a cortes de potência noutras centrais nucleares do país. Ainda assim, Tarakanov garantiu que os níveis de radiação se mantêm estáveis e dentro dos limites normais.

Temor de colapso em caso de novo ataque

Dentro de uma sala de controlo moderna, engenheiros monitorizam continuamente dezenas de sensores que avaliam o estado da instalação. Parte das cerca de 190 toneladas de urânio presentes em 1986 permanece no local, depois de ter derretido e se ter acumulado em zonas inferiores do reator, segundo responsáveis técnicos citados pelo ‘Kyiv Post’.

O principal receio das autoridades ucranianas prende-se com a possibilidade de um novo ataque russo. De acordo com o diretor da central, um impacto direto de míssil ou drone, ou mesmo uma explosão nas imediações, poderia provocar vibrações equivalentes a um mini-sismo, com risco de colapso da camada interna de proteção contra a radiação.

“Ninguém pode garantir que o abrigo permanecerá de pé depois disso”, alertou Tarakanov, sublinhando que esta continua a ser a maior ameaça à segurança de Chernobyl, quase quatro décadas depois do acidente que marcou a história da energia nuclear.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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