O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) divulgou o Boletim de Balneabilidade, apontando que três praias do Rio Grande do Norte estão impróprias para banho devido à alta concentração de coliformes termotolerantes. O levantamento revela que o Rio Pirangi, o Rio Pirangi-Pium e a Praia de Areia Preta apresentam níveis de contaminação elevados, comprometendo a qualidade da água para os banhistas. Segundo o boletim, outras 30 praias estão próprias para banho.
O estudo verifica a presença de coliformes termotolerantes, que são bactérias que indicam contaminação fecal, em amostras de água do mar e de rios que deságuam no litoral. Para que a água seja considerada segura para banho, pelo menos 80% das amostras devem apresentar uma quantidade igual ou inferior a 1.000 coliformes por cada 100 mL de água. O estudo é feito semanalmente.
Areia Preta (Escadaria de Mãe Luíza), Rio Pirangi (Ponte Nova) e Rio Pirangi-Pium (Balneário Pium) ultrapassam a quantidade de coliformes, chegando a 16.000/100 mL. Esse valor foi registrado entre os meses de novembro e dezembro.
Além da quantidade de coliformes, a água da praia de Areia Preta também recebeu classificação com base em observações in loco do lançamento constante de efluentes não tratados. O enquadramento considera ainda o número de coliformes termotolerantes identificados nas amostras de água analisadas.
As praias do Forte, Redinha, Maxaranguape/Barra (Rua Quinze de Novembro) e Maxaranguape/Maracajaú (Mercado Público) estão em alerta, conforme o relatório do Idema. Embora não tenham sido classificadas como impróprias, essas praias apresentaram níveis elevados de coliformes em uma das cinco amostras analisadas.
Conforme a bióloga, especialista em oceanografia, Cybelle Longhini, os principais desafios para a qualidade das praias estão associados à questão do saneamento público. “Se a gente não tem um tratamento adequado desses efluentes, desses estudos, sejam domésticos, sejam industriais, esse material acaba chegando nas praias, no ambiente marinho, no ambiente costeiro, e trazendo esses contaminantes”.
Ela explica que a boa qualidade das águas está diretamente ligada ao tratamento adequado de efluentes e de esgoto. Segundo ela, a adoção de medidas eficazes de saneamento público é fundamental para preservar esses ambientes e garantir águas próprias para uso e lazer.
No verão, essas questões podem se intensificar pelo aumento da população transitória que está aqui no município, que está aqui na região.
“Isso também aumenta a produção desses dejetos, desses efluentes, desses esgotos. E se a gente não tem um sistema de saneamento que comporte essa quantidade adicional, esse material acaba chegando nas praias e acaba provocando esses processos de poluição, contaminação e degradação da qualidade, consequentemente prejudicando a balneabilidade desses corpos hídricos”, disse Longhini.
Os principais prejuízos para a saúde pública estão associados a problemas gastrointestinais. “Quando a população tem acesso a essas praias que estão impróprias para banho, elas podem desencadear uma série de problemas de saúde, principalmente do trato gastrointestinal, com essas águas contaminadas por microrganismos”.
Além disso, quando há uma grande entrada de nutrientes ocorre a proliferação e o crescimento acelerado de microalgas. “Quando a gente tem uma entrada muito grande desses nutrientes que eu comentei anteriormente, a gente pode ter a proliferação e o crescimento acelerado de microalgas que podem liberar toxinas, que é o que a gente chama de marés vermelhas, que vez ou outra acontecem aqui na região também”, revela a pesquisadora.
Essas toxinas, além de causarem problemas gastrointestinais, também podem provocar efeitos neurológicos, impactando a saúde de quem entra em contato com as águas contaminadas.
