Registro histórico permite observar uma estrela morrendo no início da história do universo / Divulgação/ESO/M. Kornmesser

Um breve sinal de luz, quase imperceptível, cruzou o espaço por bilhões de anos até alcançar instrumentos humanos. Foram apenas 10 segundos, mas suficientes para levar cientistas a um período em que o universo ainda dava seus primeiros passos.

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Detectada como GRB 250314A, a explosão ocorreu quando o cosmos tinha cerca de 730 milhões de anos e estabelece um novo marco na observação de estrelas antigas.

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Cada vez que a astronomia detecta um fenômeno extremo no espaço profundo, uma nova peça do passado se encaixa. Nesse caso, o clarão funciona como um retrato raro da infância do universo, quando estrelas começavam a surgir e desaparecer rapidamente.

Um aviso rápido que mobilizou o planeta

O primeiro alerta surgiu em 14 de março de 2025, emitido pelo satélite franco-chinês SVOM. O equipamento identificou uma explosão intensa de raios gama, típica do colapso de estrelas massivas, com duração de apenas alguns segundos.

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A resposta foi imediata. O observatório Swift, da NASA, localizou a origem do sinal em menos de duas horas. Em seguida, telescópios terrestres no Chile e nas Ilhas Canárias entraram em ação para medir a distância do evento.

Os dados iniciais indicaram algo fora do comum. Para avançar na análise, os cientistas recorreram ao Telescópio Espacial James Webb, o único capaz de examinar com precisão um fenômeno tão antigo e distante.

Quando a expansão do universo altera nossa percepção

Apesar da brevidade do clarão inicial, o acompanhamento da supernova exigiu meses. Isso ocorre porque a expansão do universo estica a luz ao longo do caminho, fazendo com que o evento pareça durar muito mais tempo.

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O que seria observado por semanas em regiões próximas se transforma em meses de monitoramento quando falamos de distâncias extremas. Esse efeito, conhecido como dilatação temporal, é uma consequência direta da história em expansão do cosmos.

“Somente o Webb pôde demonstrar diretamente que essa luz provinha de uma supernova, ou seja, do colapso de uma estrela massiva”, explicou Andrew Levan, da Universidade Radboud, ao portal francês JVTech.

“Essa observação também demonstra que podemos usar o Webb para encontrar estrelas individuais quando o universo tinha apenas 5% de sua idade atual”, completou.

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Como o novo recorde se compara a outros eventos

Para contextualizar a descoberta, os pesquisadores compararam o GRB 250314A com supernovas observadas anteriormente e com explosões modernas. A diferença de idade do universo é um dos fatores que mais chama atenção.

A tabela utilizada no estudo evidencia o altíssimo desvio para o vermelho do evento, sinal de sua distância extrema. Também mostra como a duração aparente cresce conforme a luz viaja por bilhões de anos até chegar à Terra.

Esses parâmetros confirmam que a observação não apenas bate um recorde, mas inaugura uma nova fase no estudo das primeiras estrelas já identificadas.

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Um resultado inesperado para os astrônomos

O maior impacto veio da composição da supernova. Esperava-se encontrar características muito diferentes das explosões atuais, já que estrelas primitivas deveriam conter poucos elementos pesados. O Webb, porém, mostrou outro cenário.

“Chegamos com a mente aberta. E agora o Webb nos mostra que essa supernova é exatamente igual às supernovas modernas”, afirmou Nial Tanvir, da Universidade de Leicester. A conclusão surpreendeu a equipe.

O achado indica que processos complexos podem ter surgido muito cedo na história cósmica. Enquanto novas observações avançam, o passado distante continua enviando sinais silenciosos, aguardando ser decifrado.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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