A causa animal começa a ganhar espaço mais estruturado na agenda corporativa brasileira. O movimento ocorre em um momento de expansão do mercado pet, que faturou R$ 75,4 bilhões em 2024, alta de 9,6% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, 71% das empresas no país já implementaram ou iniciaram ações ligadas a ESG, segundo a Amcham Brasil.
Apesar desse avanço, a proteção animal ainda aparece de forma pontual nas estratégias empresariais. Para Juliana Camargo, fundadora do instituto Ampara Animal, esse cenário começa a mudar à medida que consumidores e investidores passam a observar o tema como parte da gestão de riscos, confiança e valor de marca.
“Nesse contexto, a causa animal deixa de ser apenas uma pauta afetiva e passa a integrar a estratégia de negócio. Os consumidores estão mais atentos e o setor pet se consolida como vetor econômico”, afirma Camargo.
A causa animal redefine o consumo responsável
O comportamento do consumidor tem pressão empresarial por maior transparência. Políticas cruelty-free, rastreabilidade de cadeias produtivas e ações de proteção animal entram no radar de decisão de compra, principalmente entre gerações mais jovens.
Segundo Juliana Camargo, o respeito aos animais passa a ser classificado de confiança. “As pessoas escolhem marcas compatíveis com seus valores, e isso influencia diretamente a confiança corporativa”, diz.
Parcerias com propósito ganham espaço
As colaborações entre empresas e organizações da sociedade civil ampliam o alcance e complementam as iniciativas. Campanhas como Life Print, da Cia Marítima com a Animale, e Adotar é Tudo de Bom, da Pedigree, ilustram esse movimento.
Para Camargo, uma associação com causa animal permite às marcas conectar estratégia e impacto social, com reflexos diretos no engajamento do público.
Voluntariado corporativo aproximadamente funcionários do propósito
As ações de voluntariado resultam de obrigações como ferramenta de engajamento interno. Empresas como Uber, BTG Pactual e BRF já realizaram iniciativas junto ao Instituto Ampara Animal.
Esse tipo de prática fortalece a cultura organizacional ao aproximar funcionários do impacto social gerado pela empresa. “Quando o funcionário vivencia o propósito, o engajamento ocorre de forma mais consistente”, afirma o fundador.
Tecnologia amplia o alcance da causa animal
A digitalização tem ampliado a eficiência das iniciativas de proteção animal. Plataformas que conectam abrigos, ofertas e adotantes, além de campanhas digitais de arrecadação, passam a integrar projetos empresariais de impacto.
Para as empresas, investir em tecnologia aplicada à causa animal permite escala e mensuração dos resultados. “A tecnologia aproxima pessoas, marcas e causas de forma organizada”, pontua Camargo.
Mensuração de impacto orienta decisões estratégicas
Com a maturidade da agenda ESG, medir resultados se torna parte do processo decisório. Indicadores como número de animais atendidos, pessoas impactadas e participação dos funcionários ajudam a diferenciar ações pontuais de programas contínuos.
O Instituto Ampara Animal utiliza esses dados para demonstrar o retorno social das parcerias. “Hoje, medir o impacto faz parte da responsabilidade corporativa. A causa animal passa a dialogar com inovação, gestão e estratégia empresarial”, afirma Juliana Camargo.
