Tempestades tardias e chuvas incessantes causaram danos severos na infraestrutura e paisagens do Sudeste Asiático. Mais de 1,4 mil pessoas morreram no total, sendo 770 na Indonésia, 465 no Sri Lanka, 185 na Tailândia e três na Malásia. Muitas aldeias permanecem soterradas sob lamas e escombros, sem energia elétrica, comunicação e comida.
Indonésia e Tailândia, ambas economias de renda média, conseguiram mobilizar extensas operações de resgate, recursos militares e canalizar fundos de emergência. Na 4ª feira (3/12), o porta-voz do governo tailandês, Rachada Dhnadirek, afirmou que o fornecimento de água e eletricidade havia sido restabelecido em quase toda área afetada. O governo desembolsou mais de US$ 31,3 milhões (R$ 166 milhões) para indenizar mais de 120 mil famílias afetadas pelas enchentes, informa a Associated Press.
Na Indonésia, a história é outra. Sobreviventes expressam crescente frustração com a lentidão de resgate e de entrega de ajuda, conta o Barrons. Grupos humanitários têm ajudado com envio de produtos de higiene pessoal e água potável.
O Sri Lanka responde ao desastre de forma muito mais precarizada. O país se recupera de uma grave crise econômica e tem enfrentado a situação com recursos limitados e serviços públicos fragilizados. Mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas, tendo um terço da população perdido acesso à eletricidade e água canalizada, detalham Le Monde e Reuters. Países como Índia, Paquistão e Emirados Árabes já anunciaram ajuda humanitária à região.
Os eventos climáticos extremos pegaram muitos lugares de surpresa, com governos pouco preparados, mas o cenário já é alertado há tempos por cientistas.
“O Sudeste Asiático deve se preparar para uma provável continuação e potencial agravamento de eventos climáticos extremos em 2026 e por muitos anos imediatamente subsequentes”, disse Jemilah Mahmood, que lidera o think tank Sunway Centre for Planetary Health em Kuala Lumpur, Malásia.
O aumento de níveis atmosféricos de dióxido de carbono “turbinou o clima”. Como o Guardian lembra, o ar mais quente retém mais umidade – cerca de 7% por grau Celsius. Já o aumento da temperatura dos oceanos fornece mais energia para as tempestades, tornando-as mais fortes e com mais volume de água. Por fim, o aumento do nível do mar amplifica as ondas de tempestades, explica Benjamin Horton, professor de ciências da Terra na Universidade da Cidade de Hong Kong no Independent.
“Embora o número total de tempestades possa não aumentar drasticamente, sua severidade e imprevisibilidade certamente aumentarão”, completa.
A intensidade, frequência e imprevisibilidade de eventos climáticos extremos sobrecarregam governos do Sudeste Asiático, analisa Aslam Perwaiz, do Centro Asiático de Preparação para Desastres. Ele atribui isso à tendência de concentrar na resposta ao desastre ao invés da prevenção.
“Desastres futuros nos darão ainda menos tempo para nos prepararmos”, alertou.BBC, Sky News, Nikkei, CNN, Aljazeera e DW também atualizaram os impactos no Sudeste Asiático.
