O aterro sanitário localizado em Padre Bernardo, cidade do Goiás, sofreu mais um deslizamento na última terça-feira (25). É o terceiro no local este ano. Os três incidentes ocorreram em um intervalo de seis meses, entre junho e novembro.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o desmoronamento foi provocado pelas chuvas na região. Dias depois, ainda não há informações sobre o volume de lixo. A pasta, no entanto, admitiu a contaminação do córrego Santa Bárbara.

O consumo de água do local está proibido desde junho, devido ao primeiro desmoronamento. Embora o córrego Santa Bárbara não abasteça a rede pública, a contaminação inviabiliza o recurso hídrico para uso humano e atividades agrícolas no entorno.

Em nota, a Semad informou que enviou uma equipe para o local no dia seguinte, e que há possibilidade de punição à empresa Ouro Verde, responsável pelo aterro. “É provável que haja lavratura de novo auto de infração pelo descumprimento do dever de estabilizar o maciço”, diz o documento.

Tragédia anunciada

Descontentes com a situação do lixão, moradores da região se mobilizam para tentar frear o agravamento do desastre ambiental. Durante a Cúpula dos Povos na COP 30, Flávio Cerratense, do movimento Fora Lixão, articulou uma agenda com ministros do governo federal.

Uma reunião com a Secretaria Geral da Presidência está prevista para a próxima segunda-feira (1º) pela tarde. Para Cerratense, as esferas estadual e municipal não têm capacidade de solucionar a crise do lixão da Ouro Verde.

“Nós não vemos mais a Semad e nem o município com responsabilidade, com competência técnica e nem física para fazer a gestão desse desastre. Não dá mais, o governo federal tem que intervir”, pontua. Há também a expectativa de uma agenda com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nos próximos dias.

Após o terceiro desabamento, o Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB) fez uma visita técnica ao aterro para avaliar os impactos. O desmoronamento já tinha sido alertado pelo comitê de crise, instaurado para monitorar o lixão.

“A situação está caótica. Eu já fiz várias denúncias que esse lixo ia descer de novo, ia ter novas erosões, porque estava escrito. Pegaram o lixo debaixo e colocaram para cima, sendo que desestabilizaram o solo todinho embaixo. Todo o trabalho que foi feito foi perdido, porque o lixo está descendo todo de novo”, desabafa Cerratense.

Moradores levantam a suspeita de que a empresa Ouro Verde possa estar retirando o chorume das barragens e descartando em locais inapropriados, comprometendo a saúde do solo. O Brasil de Fato DF tentou contato com a empresa, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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