A governança corporativa pode ser considerada a espinha dorsal da confiança de uma empresa para o mercado de capitais. Quando praticada de maneira sólida, ela permite um ambiente de maior segurança tanto para os acionistas quanto para o mercado em geral, o que acaba sendo refletido diretamente na valorização das organizações. Há menor percepção de risco associado às mesmas, maior previsibilidade de desempenho financeiro e aumento na confiabilidade das informações.
No mundo atual, a adoção de boas práticas – principalmente relacionadas a ESG – Ambiental, Social, Governança – tem sido encarada como exigência crescente dos grandes fundos de capitais. Empresas com ações robustas de governança têm maior capacidade de atração de investidores e compradores com disposição para pagar múltiplos mais elevados, além de acumularem menor custo de capital. Isto pode ser apresentado através de exemplos apresentados não apenas por marcas de sucesso estrangeiras, mas também pelas brasileiras.
Rankings recentes, como o Merco Responsabilidade ESG, apontam Natura, Grupo Boticário, Ambev, Mercado Livre e Banco do Brasil como as cinco empresas mais sustentáveis do país. Porém, existem outras organizações frequentemente mencionadas quando o assunto é melhoria na governança corporativa aliada à atração de investimentos e reconhecimento. Como exemplo: Localiza e Unidas, Movin e Mercado Livre.
O sucesso dessas organizações não é segredo. O fato é que boas práticas sinalizam que a empresa está bem gerida no longo prazo. Princípios do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa firmam a confiança dos investidores em quatro pilares: transparência (divulgação), patrimônio líquido (justiça), prestação de contas (responsabilidade)eresponsabilidade corporativa (sustentabilidade).
Através da transparência, a empresa se compromete a divulgar informações relevantes (não apenas as ordinárias por lei) sobre seu desempenho financeiro, não financeiro e estrutura de governança. Isso atrai investidores porque eles mesmos passam a ter acesso a dados claros e tempestivos, o que lhes permite realizar uma análise mais precisa do valor e do potencial da empresa. O risco de surpresas oferecidas ou de que a administração esteja escondendo problemas é minimizado.
A equidade garante um tratamento justo e igualitário a todos os sócios e demais stakeholders (partes interessadas), independentemente da participação no capital. Quando existe preocupação em relação à proteção de minoritários, todos os investidores se sentem mais seguros. Eles enxergam que seus direitos serão respeitados e que muito provavelmente a diretoria não tomará decisões em benefício próprio, prejudicando o demais.
A responsabilidade em relação à prestação de contas realizadas pelo Conselho de Administração e pela diretoria estabelece responsabilidades claras e mecanismos de fiscalização – como por exemplo auditorias independentes, o que garante que a gestão esteja alinhada aos interesses dos proprietários.
Já a responsabilidade corporativa significa que os líderes da empresa devem zelar pelas previsões econômico-financeiras da organização no longo prazo, incorporando em suas decisões considerações relacionadas a ESG. Ela demonstra que a gestão é focada na mitigação constante de riscos, garantindo sustentabilidade com o passar do tempo.
Em resumo, governança corporativa é sinônimo de segurança e previsibilidade no ambiente de investimentos. As empresas fortalecidas desfrutam de vantagens que nesta se traduzem em maior atratividade de capital; menor risco de fraudes e escândalos; melhor desempenho financeiro; redução do custo de capital; e foco de investidores institucionais.
