A médica M.S.G.V., de 35 anos, foi indiciada pela Polícia Civil de Roraima por homicídio culposo, sob suspeita de negligência e imperícia no atendimento que resultou na morte da defensora pública Geana Aline de Souza Oliveira, de 39 anos. O indiciamento foi formalizado nesta segunda-feira (24) pelo 1º Distrito Policial, que concluiu o inquérito sobre o caso.

A morte ocorreu após a tentativa de implantação de um DIU (Dispositivo Intrauterino) realizada no consultório particular da médica, no dia 18 de março. Conforme a investigação, a paciente apresentou febre alta, dor pélvica e sinais de infecção progressiva nos dias seguintes e não resistiu às complicações.

A delegada Jéssica Muniz Abrantes, responsável pelo inquérito, explicou que o caso demandou perícias, oitivas e análise de prontuários, descartando inicialmente rumores que circularam nas redes sociais.

Segundo ela, não havia indícios de gravidez nem de aborto, hipóteses levantadas nos primeiros dias e afastadas por exames laboratoriais e laudos técnicos. Com isso, a apuração se concentrou nas condições do procedimento ginecológico e no ambiente onde ele foi realizado.

O inquérito reuniu registros médicos, exames laboratoriais e histopatológicos, imagens e depoimentos de profissionais. Perícias concluíram que a vítima evoluiu com infecção pélvica grave, necrose dos órgãos reprodutivos e choque séptico.

A polícia também considerou decisivo o relatório de inspeção sanitária feita no consultório no dia 28 de março, com participação das vigilâncias sanitárias municipal e estadual. O documento apontou falhas graves de esterilização, além do uso de material de reuso manipulado por pessoa sem qualificação técnica – fator que, segundo a perícia, aumentou substancialmente o risco de contaminação.

Abrantes destacou ainda que, mesmo após a paciente retornar ao consultório apresentando quadro debilitado e presença de líquido abdominal visualizado em exame, não houve emissão de encaminhamento formal para urgência hospitalar, medida considerada importante em casos suspeitos de infecção grave.

Especialistas consultados pela polícia afirmaram que quadros infecciosos como o registrado podem ocorrer mesmo sem perfuração uterina, quando há falhas de assepsia ou contaminação do material utilizado no procedimento.

Com base no conjunto probatório, a Polícia Civil concluiu que houve negligência e imperícia no atendimento prestado. O indiciamento da médica por homicídio culposo foi encaminhado ao Ministério Público de Roraima, que dará sequência ao caso.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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