A decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro desencadeou forte reação no campo político, unindo aliados de diferentes partidos na crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com discurso de perseguição, familiares e lideranças da direita evocam tanto argumentos jurídicos quanto sobre o estado de saúde do ex-presidente, para contestar a medida.
Uma das primeiras manifestações nas redes sociais, foi da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela não estava em casa, em Brasília, durante a prisão. Michelle estava em Fortaleza, para um evento do PL, e nesta manhã ela afirmou confiar na “Justiça de Deus”, e que a justiça humana, como tem visto, já não se sustenta. Ela agradeceu o apoio recebido e declarou que “não vai desistir da nação”, escreveu nos stories do Instagram. Ao ser informada da decisão, interrompeu a agenda no Ceará e seguiu para a capital.
Governadores, senadores e lideranças partidárias rapidamente aderiram ao coro de críticas. O ex-vice-presidente, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), também fez uma publicação em suas redes sociais, em que ele disse que Jair Bolsonaro não constitui uma ameaça à ordem pública e sua transferência para a PF mostra que “o arbítrio e a perseguição não têm fim”.
Também teve uma nota da oposição da Câmara dos Deputados, assinada pelo líder da oposição da Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), em que ele disse que recebeu com profunda indignação e enorme tristeza a notícia da prisão de Jair Bolsonaro, que é impossível descrever o que ele está sentindo neste momento.
“O que fizeram hoje com Bolsonaro é um ataque direto à democracia, à alternância de poder e à própria civilização. Mas deixamos aqui um compromisso inabalável: vamos resistir. Permaneceremos unidos, firmes e vigilantes. O legado do presidente Bolsonaro – sua coragem, sua força e sua liderança – permanece vivo em milhões de brasileiros, e em todos nós que fazemos oposição. Nós não vamos desistir. Nunca”, finalizou Zucco, afirmando que a prisão preventiva, trata-se de mais um capítulo na escalada do arbítrio conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), disse em uma publicação que a decisão se baseou na necessidade de garantir a ordem pública, justamente porque, mesmo em prisão domiciliar, Bolsonaro seguia atuando publicamente para tensionar o ambiente e pressionar instituições. “Eu comemoro a prisão de Jair Bolsonaro porque ela representa uma vitória da democracia!”, escreveu o parlamentar no X.
Ainda na Câmara, a deputada federal, Carol de Toni (PL-SC) disse a prisão do ex-presidente é um dos maiores abusos cometidos pela Justiça brasileira. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), acusou Moraes de ultrapassar prerrogativas ao “agir como legislador, polícia, juiz e carrasco”, afirmando que não há “novo crime” ou “conduta recente” que justifique a prisão.
E no Senado, teve uma nota do líder da oposição no Senado, Senador Rogério Marinho (PL-RN), em que ele disse que essa decisão que determinou a prisão ultrapassa limites constitucionais e ameaça pilares essenciais do Estado de Direito, que em vez de se apoiar em fatos e provas. Para ele, a medida tem “caráter nitidamente punitivo.
Vale também destacar uma publicação feita pelo senador do PT, Rogério Carvalho, em que ele diz que essa prisão não se trata de perseguição, mas de justiça, a mesma justiça que sempre defendeu. E disse que a regra vale para todos, e que a detenção preventiva evidencia que nenhum cidadão está acima da lei, especialmente quando se trata de ameaça à integridade das instituições democráticas.
O ex-ministro da Casa Civil, senador Ciro Nogueira (PP-PI), expressou solidariedade à família Bolsonaro, ressaltando a “fragilidade” do ex-presidente e descrevendo a prisão como mais um capítulo de um “martírio”. Em tom simbólico, afirmou que “mitos não sucumbem a violências mas são eternizados por elas”.
O também ex-ministro do governo, Sérgio Moro (União-PR), afirmou que “não há motivos” para revogar a prisão domiciliar. Ele comparou o caso ao do ex-presidente Fernando Collor, que, segundo disse, teria recebido tratamento mais favorável mesmo com condições de saúde menos graves. “O Presidente Bolsonaro tem sequelas decorrentes da fachada. O histórico de cirurgias e crises é conhecido por todos”, comentou Moro, na postagem.
Já Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) afirmou que Bolsonaro é alvo de “ataques” e “injustiças”, argumentando que a ordem judicial ignora a condição clínica do ex-presidente e “fere o princípio da dignidade humana”. Para ele, a prisão de um homem de 70 anos em estado de saúde delicado é uma medida “irresponsável”.
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse que a medida é “severa e injusta”, lembrando também do estado de saúde do ex-presidente, que “inspira cuidados”, afirmando que estava registrando sua incompreensão.
As manifestações revelam uma articulação política alinhada na narrativa de abuso de autoridade e motivação política, consolidando entre parlamentares e dirigentes da direita a ideia de que a prisão preventiva de Bolsonaro extrapola fundamentos jurídicos e tensiona ainda mais o ambiente institucional do país.
