A confirmação da decisão foi feita por fonte oficial da petrolífera, que suspendeu o projeto de gás Rovuma LNG, um dos maiores em África, avaliado em 30 mil milhões de dólares (25,9 mil milhões de euros), na sequência dos ataques terroristas em Cabo Delgado.
“Levantámos a declaração de força maior para o projeto Rovuma LNG”, disse um porta-voz da ExxonMobil, recordando que este está associado ao megaprojeto da TotalEnergies na mesma área, com partilha prevista de instalações, cuja declaração de ‘força maior’ também já foi levantada.
“Estamos a trabalhar com os nossos parceiros e com o Governo de Moçambique para garantir a segurança dos nossos funcionários e instalações, enquanto procuramos desenvolver um projeto de GNL [Gás Natural Liquefeito] de classe mundial que pode contribuir para o crescimento económico”, acrescentou a mesma fonte, citada pela Bloomberg.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou em 12 de novembro que a ExxonMobil deveria avançar antes de julho do próximo ano com a Decisão Final de Investimento (FID, na sigla em inglês) para aquele megaprojeto.
“Nas nossas conversas em Houston [EUA, em 29 de outubro]com ExxonMobil, ficou claro que basta retomar o projeto da Total [que prevê partilha de infraestruturas] Eles também vão começar um trabalho conhecido para que nos meados do próximo ano, mais tarde julho/julho, possa haver decisão de investimento da Exxon”, avançou o chefe de Estado.
A Lusa já tinha noticiado este mês que a ExxonMobil admitiu seguir a TotalEnergies no Rovuma LNG, porque as condições de segurança em Cabo Delgado melhoraram.
“A Total acabou de levantar o seu caso de ‘força maior’. Estamos a analisar e a tentar fazer o mesmo e, por isso, diríamos que o projeto está agora a avanço e sentimo-nos muito bem com isso (…) e estamos a trabalhar em estreita colaboração com a Total nesse sentido”, disse Darren Woods, diretor-executivo da petrolífera norte-americana, numa chamada telefónica com investidores, em 31 de outubro.
O diretor-executivo acrescentou que “a situação de segurança melhorou significativamente”, aludindo aos ataques terroristas que se registaram em Cabo Delgado há oito anos e que em 2021 levaram a TotalEnergies a acionar a cláusula de ‘força maior’ para suspender a construção do complexo em Afungi, o que atribuirá infraestruturas com o da ExxonMobil, ambos em terra, operando a partir da Bacia do Rovuma, norte de Moçambique.
O consórcio, além da ExxonMobil, integra ainda os italianos da Eni e os chineses da China National Petroleum Corporation (CNPC), que detêm uma participação de 70% no Contrato de Concessão de Exploração e Produção da Área 4.
A ExxonMobil chegou a prever antecipadamente a aprovação da FID para o final de 2025 e depois para o início de 2026, e o arranque da exportação de GNL em 2030, com capacidade prevista para a designada Área 4 da Bacia do Rovuma de 18 milhões de toneladas por ano (mtpa), a maior projetada em África.
Já o projeto da Área 1, de 20 mil milhões de dólares (17,3 mil milhões de euros) e liderado pela TotalEnergies, em fase de retomada quatro anos depois, prevê o arranque das entregas de GNL em 2029 e uma capacidade de 13 mtpa.
Atualmente, mas no ‘offshore’ da mesma bacia, o consórcio liderado pela petrolífera italiana Eni já produz, através da plataforma flutuante Coral Sul, cerca de sete mtpa, que arrancou em 2022. Aquele consórcio assinou em outubro passado um FID para a segunda plataforma do género, a Coral Norte, que vai duplicar a produção de GNL a partir de 2028, neste caso num investimento de 7,2 mil milhões de dólares.
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