A China suspenderá as importações de frutos do mar do Japão em um momento de crise diplomática bilateral, desencadeada pelos comentários da primeira-ministra japonesa sobre um hipotético ataque a Taiwan, informou a imprensa nipônica nesta quarta-feira (19).
Sanae Takaichi, a primeira mulher a governar o Japão, afirmou no dia 7 de novembro, no Parlamento, que uma operação armada da China contra Taiwan poderia justificar o envio de tropas para apoiar a ilha de regime democrático, que Pequim reivindica como parte de seu território e não descarta recuperar com o uso da força.
Ao informar sobre a suspensão das importações de frutos do mar, a imprensa japonesa, incluindo a emissora pública NHK, citou fontes governamentais que pediram anonimato.
A China explicou que a medida era necessária para controlar as águas residuais tratadas despejadas da usina nuclear de Fukushima, afetada por um desastre atômico após um terremoto em 2011, segundo a NHK.
Não houve confirmação imediata por parte de Pequim.
A China havia acabado de retomar a compra de frutos do mar do Japão após uma proibição imposta quando a usina de Fukushima começou a despejar água no mar em 2023.
O despejo recebeu o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a empresa operadora da central, TEPCO, afirmou que todos os elementos radioativos, com exceção do trítio, haviam sido filtrados e seus níveis estavam dentro dos limites de segurança.
Pequim, no entanto, acusou o Japão de tratar o Pacífico como um “esgoto” e proibiu as importações de frutos do mar japoneses.
Em 2023, os envios japoneses de frutos do mar para a China continental representaram 15,6% de um total de 390 bilhões de ienes (2,5 bilhões de dólares, 13,3 bilhões de reais), em comparação com 22,5% em 2022.
Hong Kong representou 26,1% e os Estados Unidos 15,7% em 2023.
Em meio à disputa diplomática por um eventual apoio japonês a Taiwan, a China convocou na semana passada o embaixador japonês e recomendou que seus cidadãos evitem viagens ao país.
Na segunda-feira, o Japão pediu a seus cidadãos na China que reforcem as medidas de segurança e evitem multidões.
