Na última sexta-feira, 14, a capital ucraniana Kiev foi palco de um ataque aéreo devastador que resultou na morte de Nataliia Khodemchuk, de 73 anos, viúva de Valery Khodemchuk, a primeira vítima do desastre nuclear de Chernobyl. Segundo as autoridades locais, um drone russo, modelo Shahed, fabricado no Irã, atingiu o apartamento da idosa, que sofreu queimaduras graves.
Valery Khodemchuk era operador de bomba de circulação e faleceu na explosão do Reator 4 em 1986, um evento que marcou o início da catástrofe nuclear na antiga União Soviética e resultou na morte imediata de 31 pessoas. Nataliia residia em um bloco habitacional situado no bairro de Troieshchyna, destinado a ex-trabalhadores de Chernobyl e suas famílias, que também foram vítimas do ataque aéreo.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou profundo pesar pela morte de Nataliia, enfatizando que “quase quatro décadas após Chernobyl, ela foi morta em uma nova tragédia provocada mais uma vez pelo Kremlin”.
Segundo o portal O Globo, além do apartamento onde Nataliia vivia, a residência de Oleksit Ananeko, um dos engenheiros que desempenharam um papel crucial na contenção da explosão em Chernobyl, também foi atingida. O grupo conhecido como “Esquadrão Suicida” é creditado por evitar uma explosão catastrófica que poderia ter devastado grande parte da Europa.
Na manhã de sexta-feira, centenas de drones russos bombardearam a capital ucraniana, resultando na destruição de edifícios residenciais e provocando incêndios generalizados. Ao menos 35 pessoas ficaram feridas e várias estruturas civis foram reduzidas a escombros. Zelensky qualificou o ataque como “vil e premeditado”, informando que aproximadamente 430 drones e 18 mísseis foram lançados contra a cidade, ocasionando destruição em larga escala.
Testemunhas relataram momentos de pânico e caos. Mariia Kalchenko compartilhou sua experiência ao sobreviver ao impacto em seu prédio, enquanto Oleh Hudyma descreveu explosões súbitas que dispersaram destroços pelo ar. Iryna Synyavska, uma mulher de 62 anos, lamentou a perda de três vidas em apartamentos vizinhos ao seu, incluindo uma idosa com mais de 80 anos.
O ataque afetou oito dos dez distritos da capital ucraniana, incluindo a Embaixada do Azerbaijão, que sofreu danos devido aos destroços causados por um míssil Iskander. O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, considerou os eventos inaceitáveis, dada a importância do seu país como corredor estratégico entre o Irã, Rússia e Oriente Médio.
