Conhecida pelas tradicionais celebrações religiosas e pelo intenso comércio de fogos de artifício, a região do Cariri concentra diversas casas de produção do material. Muitas delas, porém, funcionam de forma clandestina, expondo trabalhadores, famílias e comunidades inteiras a riscos graves de explosões.

Em Juazeiro do Norte, em menos de 24 horas, duas explosões foram registradas em fábricas clandestinas de fogos. As duas aconteceram no Bairro Frei Damião e resultaram em uma morte e três pessoas feridas. O estrago material foi amplo nas duas ocorrências. Diversos imóveis ficaram danificados. No entanto, esses não foram casos isolados. Em 2019, uma explosão, também em fábrica irregular no mesmo bairro, deixou pelo menos cinco pessoas feridas e provocou danos em duas residências, segundo o Corpo de Bombeiros.

A comercialização de produtos pirotécnicos exige autorização do Exército, além de uma notificação da Prefeitura, autorizando o funcionamento do comércio. A produção só pode ocorrer em área rural. O Corpo de Bombeiros, responsável pela fiscalização, também estabelece normas técnicas rígidas para comercialização, como o distanciamento mínimo de escolas, residências e postos de combustíveis, critérios que, na prática, impedem o funcionamento dessas estruturas dentro da zona urbana.

O Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros, Leoni Grangeiro, explica que  quando se trata da fabricação, as exigências são ainda mais rigorosas. “O processo de certificação é tão criterioso que nenhuma fábrica de fogos é oficialmente autorizada no Ceará. Na região, o que existe são unidades clandestinas, que passam a operar sem regulamentação e oferecem risco constante”, destaca.  Qualquer denúncia sobre a produção ilegal aciona uma vistoria imediata. Entretanto, de acordo com o tenente, este ano não houve nenhum registro neste sentido, em Juazeiro do Norte ou cidades vizinhas.

A vulnerabilidade aumenta porque muitas dessas fábricas funcionam dentro das próprias residências dos responsáveis, que, na maioria das vezes, são também os primeiros prejudicados. “Quando ocorre algum erro no manuseio, não há tempo nem para o início de um incêndio. O produto explode de forma imediata, atingindo primeiro os familiares e também a vizinhança”, explica o tenente. Segundo ele, qualquer detalhe pode representar risco: uma fagulha, o fechamento de uma porta ou até o ato de acender e apagar uma lâmpada pode gerar a centelha necessária para provocar uma explosão. “É um processo altamente sensível e, infelizmente, ainda há quem se arrisque a trabalhar com esse tipo de produto”, completa.


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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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