Um poço de petróleo abandonado em Salta está gerando uma crise ambiental em pleno bosque nativo e Greenpeace denuncia que se trata de um “Chernobyl argentino”.
A organização inclusive viajou ao local dos fatos, em Puesto Guardián, para ver em primeira mão o desastre.
A zona é chave, já que é considerada um “Ecossistema Prioritário para a Conservação” do bosque saltenho.
No entanto, hoje este lugar realmente parece o Chernobyl argentino, e as imagens impactam.
Lá, já morreram cerca de 350 animais, enquanto as famílias próximas tiveram que fugir e os gases e líquidos tóxicos continuam se infiltrando no ar e na água.

O “Chernobyl” argentino: a história de descaso do poço de petróleo abandonado
Trata-se de um poço denominado Lomas del Olmedo X-10, abandonado há cerca de dois anos pela empresa que o explorou por quase três décadas, President Petroleum S.A.
Esta corporação britânica com operações no país foi declarada em falência em agosto deste ano após um pedido próprio que a levou a abandonar seus poços.
Por isso, hoje, a exploração de Salta é terra de ninguém e a falta de manutenção está filtrando líquidos e emitindo gases sem controle.
Isso ocorre em meio a uma zona declarada como Ecossistema Prioritário para a Conservação pela província.
No entanto, isso parece apenas um título: lá, já morreram centenas de exemplares de flora e fauna, destruindo o bosque no que Greenpeace denominou um “Chernobyl” argentino.

Fluidos tóxicos e gases contaminam o ecossistema
O local dos fatos encontra-se a apenas 250 quilômetros da capital saltenha, em uma área que se localiza na transição entre o Chaco Seco e a Selva de Yungas.
Atualmente, a contaminação já afeta mais de 20 hectares e provocou o deslocamento de famílias inteiras.
Em particular, nos últimos seis meses a situação piorou drasticamente, com uma paisagem de natureza morta ao seu redor.
Hoje, os fluidos e gases que emanam do poço abandonado formam uma densa nuvem tóxica que envolve o bosque.
Esta contaminação deixou centenas de animais mortos e dezenas de famílias sem seus lares.
É que o ar na zona tornou-se irrespirável para pessoas e animais, enquanto que os lençóis freáticos também se contaminam.

Os riscos do poço de petróleo abandonado: espécies ameaçadas
Este ecossistema abriga espécies chave como o tamanduá-bandeira, o queixada, o ocelote e a tartaruga aquática chaqueña.
Entre as aves ameaçadas, também figuram o ema, o pato-do-mato, a águia-coroada e o falcão-de-peito-laranja.
Agora, esta ampla biodiversidade da região enfrenta um risco de destruição irreversível.
Além disso, o vazamento intensificado de gases a alta pressão aumenta o perigo de incêndios nos bosques próximos.
Os habitantes, por sua vez, evacuaram suas residências e reclamam ações urgentes das autoridades provinciais e nacionais.
A empresa responsável se retirou sem oferecer soluções.

A denúncia do Greenpeace pelo “Chernobyl” argentino
Para conhecer em primeira mão esta história, Greenpeace Argentina viajou recentemente ao poço e mostrou as desoladoras imagens do local: tudo morto.
Assim relatou Matías Arrigazzi, especialista em biodiversidade do Greenpeace, que teve que se aproximar da zona com uma máscara para não se intoxicar.
“Está cheio de animais mortos ao redor, quando se vai se aproximando do poço há um cheiro nauseante”, conta sobre a biodiversidade da zona.
Além disso, ouve-se “um ruído que ensurdece, que é o dos gases saindo a alta pressão do poço”, detalha.
Isso mesmo se observa no vídeo compartilhado pelo Greenpeace em suas redes, uma zona morta, contaminada e com um risco em expansão.
“Estamos em um lugar onde não poderíamos tirar a máscara porque não se pode respirar e rodeados de natureza morta, tudo está morto“, determinou com dureza Arrigazzi.
E foi terminante: “Já não há animais, as plantas estão mortas”.
“Embora os moradores denunciem este desastre ambiental, ainda não há mudanças“, explicou Arrigazzi.
Isso se deve ao fato de que “a empresa responsável não deu soluções e se retirou do local”.
Frente a isso, Greenpeace colocou em marcha uma campanha para fechar o poço de petróleo abandonado em Salta.
A organização ambientalista convoca a cidadania a se somar ao reclamo pela recomposição da área com uma coleta de assinaturas.
Quem quiser participar deste pedido, poderá assinar o reclamo da ONG através do seguinte link: Greenpeace #NoAlPetróleoEnElBosque.
