O governo do Estado de São Paulo confirmou neste sábado (15) que Américo Brasiliense enfrenta um surto de doença diarreica aguda. A cidade, com 33 mil habitantes, registrou 2.111 casos e uma morte em 2025. O levantamento foi divulgado em nota conjunta do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) e do CVS (Centro de Vigilância Sanitária).

Equipes estaduais identificaram falhas na água distribuída no município. Amostras coletadas em outubro apresentaram deficiência de cloração, presença de coliformes totais e detecção de Escherichia coli, indicador de contaminação fecal. De forma emergencial, foram distribuídos 6 mil frascos de hipoclorito de sódio para uso doméstico.

Inspeção nos SAA (Sistemas de Abastecimento de Água) resultou na autuação da prefeitura e do Daema (Departamento de Água, Esgoto e Meio Ambiente), que terá de corrigir imediatamente os riscos sanitários identificados. O órgão também recebeu autos de infração relacionados às estruturas de captação e tratamento.

O aumento dos atendimentos foi registrado pela vigilância epidemiológica municipal em 24 de outubro, quando houve alerta ao GVE Araraquara. Naquele mês, a cidade contabilizou 1.780 casos, aumento de 292% em relação a setembro. Em novembro, a prefeitura informou 1.224 registros de gastroenterite em 14 dias.

Moradores relataram sintomas como diarreia, vômitos e dores abdominais. Parte da população atribui o problema à água distribuída no município. Juliana Lopes, cuidadora de idosos, disse que precisou ir ao hospital após adoecer: “Foi assustador. Sempre consumi água da torneira e só comprei purificador depois.’

Outros moradores afirmam ter enfrentado a infecção mais de uma vez no mesmo mês. Márcia Miranda, cuidadora de crianças, contou que o hospital municipal esteve “sempre cheio’. Já a aposentada Marta Aparecida dos Reis relatou quatro episódios seguidos de virose.

“Minha filha teve duas vezes. Eu também estou com essa virose. É horrível, muitos dias assim. E o hospital vive lotado e ninguém toma providência’

Após resultado insatisfatório em um dos pontos analisados em outubro, a Vigilância Sanitária intensificou a coleta de amostras. Em 10 de novembro, técnicos vistoriaram 18 locais na rede de distribuição. Os laudos liberados em 13 de novembro apontaram níveis adequados de cloro e ausência de E. coli.

Para esclarecer a origem do surto, amostras adicionais foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, que analisará vírus, bactérias e protozoários. O resultado definitivo ainda será divulgado.

Levantamento epidemiológico da Secretaria de Estado indica forte relação entre o aumento de casos e a distribuição de água fora dos padrões de potabilidade. Também foram identificadas 100% de amostras clínicas positivas para norovírus, rotavírus ou coinfecção.

Até então, a Prefeitura de Américo Brasiliense afirmava que não havia relação entre os sintomas e a água fornecida. A gestão municipal citava laudos do Instituto Adolfo Lutz e de um laboratório terceirizado com “parâmetros dentro dos padrões’.

A prefeita Terezinha Viveiros (Republicanos) declarou, à EPTV Central, que o surto segue em investigação e que as medidas de atendimento estavam sendo reforçadas.

“Além de investigar a causa, estamos tomando todas as medidas necessárias para um bom atendimento. Então a população com certeza está sendo protegida nesse sentido. No momento ainda não [é necessário contratar mais profissionais de saúde], embora a gente já esteja contratando mais técnicos de enfermagem”, disse a prefeita Terezinha Viveiros na entrevista à EPTV.

O superintendente do Daema, Cleverson Marins, afirmou que a captação é feita apenas por poços e que todas as amostras enviadas ao Lutz teriam apresentado resultados satisfatórios. Apesar disso, ele reconheceu uma irregularidade relacionada à cloração, já corrigida, e orientou o uso de hipoclorito na higienização de alimentos.

“Nós temos análise toda segunda e quinta-feira com uma empresa contratada através do processo licitatório. Porém, também por conta do problema de saúde, o Instituto Adolfo Lutz também fez a coleta de nove amostras, já nos mandou e todas as amostras deram como satisfatórias”, ressaltou.

Moradores também relatam mau cheiro no ar. A prefeita informou que a Cetesb investiga a origem. A Usina Santa Cruz, do grupo São Martinho, recebeu dois autos de advertência por emissões de odor que podem causar incômodo. A empresa afirma que adotou medidas corretivas e que não há risco à saúde.

“Desde a identificação do problema, várias medidas foram adotadas e continuam sendo implementadas para sua solução definitiva. De acordo com informações técnicas disponíveis, não há risco à saúde da população. A São Martinho lamenta o incômodo e reforça seu compromisso com a transparência, a responsabilidade socioambiental e a saúde e segurança de seus colaboradores e das comunidades do entorno”, disse a nota.

A Vigilância Sanitária reforça recomendações para reduzir o risco de contaminação:

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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