Em uma publicação recente na revista Science Advances, nesta quarta-feira, 12, pesquisadores de diversas nacionalidades divulgaram um marco na astrofísica: a supernova designada como “SN 2024ggi” teve sua explosão analisada em tempo recorde, aproximadamente 26 horas após sua detecção.
A análise foi realizada com o auxílio do Very Large Telescope (VLT), pertencente ao Observatório Europeu do Sul (ESO). Essa é a primeira vez que a geometria da explosão de uma estrela massiva foi capturada no início de sua fase crítica, que rapidamente se torna invisível após o evento inicial.
Ferdinando Patat, coautor do estudo, destacou que essa descoberta não apenas transforma a compreensão das explosões estelares, mas também exemplifica os avanços que podem ser alcançados através da colaboração internacional.
Esta descoberta não só reformula a nossa compreensão das explosões estelares, como também demonstra o que pode ser alcançado quando a ciência transcende fronteiras. É uma poderosa lembrança de que a curiosidade, a colaboração e a ação rápida podem desvendar mistérios profundos da física que moldam o nosso Universo”, afirmou Patat em comunicado.
As novas observações possibilitarão que cientistas explorem diversas questões sobre os processos que levam à explosão das estrelas. Adicionalmente, as descobertas indicam que o mecanismo físico responsável pela explosão de estrelas massivas apresenta uma simetria axial, sugerindo que essas explosões podem ser divididas por um eixo de simetria quando representadas visualmente.
A explosão de supernovas ocorre quando estrelas massivas atingem o fim de suas vidas. Este fenômeno pode ser descrito como a morte de uma velha estrela e o nascimento de outra nova.
O colapso de uma estrela massiva é gerado pela queda dos componentes químicos e materiais que a constituem. Esse choque, por sua vez, resulta em desestabilização da matéria, um aspecto que continua sendo objeto de estudo pelos astrônomos para entender como a energia é propagada durante a explosão.
A supernova “SN 2024ggi” foi observada na galáxia NGC 361, situada a aproximadamente 22 milhões de anos-luz da Terra — uma distância considerada relativamente próxima no contexto intergaláctico. O fenômeno foi detectado pelo professor Yi Yang da Universidade Tsinghua, na China, em 10 de abril de 2024. Apenas doze horas após a detecção, ele propôs observações ao ESO, e no dia seguinte o VLT começou seu trabalho direcionado à supernova.
Durante várias horas, o VLT proporcionou aos pesquisadores a oportunidade de estudar a geometria da estrela e sua explosão. “A geometria de uma explosão de supernova fornece informações fundamentais sobre a evolução estelar e os processos físicos que levam a estes fogos de artifício cósmicos”, observou Yang.
Ainda há muitas questões em aberto sobre os mecanismos exatos das explosões de supernovas originadas por estrelas com massa superior a oito vezes a do Sol. No entanto, as novas observações permitirão descartar alguns modelos existentes e aprimorar outros aspectos do conhecimento atual.
A possibilidade de formular novas hipóteses foi facilitada pelo uso eficaz da janela temporal limitada para observar a forma inicial da explosão. Para isso, os cientistas aplicaram uma técnica conhecida como espectropolarimetria.
Lifan Wang, da Universidade A&M nos Estados Unidos, enfatizou que essa técnica ofereceu dados sobre a geometria da explosão que outras abordagens não poderiam fornecer. O VLT se destacou por sua capacidade angular maior e mais precisa em comparação com outros instrumentos disponíveis.
Ao longo de sua existência, uma estrela mantém sua forma esférica devido ao equilíbrio entre a força gravitacional e a pressão gerada por reações nucleares em seu núcleo. O colapso ocorre quando essa fonte de combustível se esgota.
Esse colapso marca o início da fase de supernova para estrelas massivas, quando o núcleo entra em colapso e as camadas externas começam a ricochetear. Esse movimento gera uma liberação colossal de energia, resultando no brilho característico das supernovas, conforme repercute a Revista Galileu.
Os pesquisadores descobriram que na fase inicial da supernova “SN 2024ggi”, a matéria tinha uma forma semelhante à de uma azeitona. À medida que a energia era liberada, essa forma se achatou; contudo, o eixo axial de simetria permaneceu inalterado durante todo o processo.
