O resultado das análises realizadas pelo Sanep confirmou nesta quarta-feira (5) que não há indícios de contaminação na água da Lagoa dos Patos, em Pelotas, após o aparecimento de milhares de peixes mortos na orla do Laranjal nos últimos dias. A informação foi confirmada pelo secretário de Qualidade Ambiental (SQA), Márcio Souza, que considera a ocorrência pontual e ainda apura a possibilidade de relação com pesca predatória.

Segundo Souza, os testes químicos foram feitos em até 24 horas após o surgimento dos peixes mortos, o que permite afastar causas ligadas à qualidade da água. Ele também salienta que houve “um pequeno aumento da salinização da água, mas insuficiente para aquela quantidade de peixes”.

Secretário de Qualidade Ambiental, Marcio Souza afirma que pesca ilegal deve ser o causador da mortandade dos peixes. Foto: Divulgação (Rádio Pelotense)

Secretário de Qualidade Ambiental, Marcio Souza afirma que pesca ilegal deve ser o causador da mortandade dos peixes. Foto: Divulgação (Rádio Pelotense)

Embora não haja provas concretas de pesca irregular, a SQA mantém a hipótese como mais provável e destaca a pontualidade do fenômeno. “Tudo indica que a pesca predatória pode ter contribuído, provavelmente por um barco de pesca de fora da região. Em circunstâncias normais, isso não ocorre aqui, pelo que é produzido na Colônia de Pescadores Z-3.”

A chamada “pesca de arrasto” ou “pesca predatória” é uma técnica em que redes são puxadas por barcos pelo fundo da lagoa, recolhendo tudo o que encontram. Como não é seletivo, o método acaba capturando também espécies sem valor comercial. Esses peixes são devolvidos à água já mortos e, levados pelas correntes, se acumulam nas margens, como na praia do Laranjal.

O secretário adianta que a prefeitura reforçou a fiscalização ambiental na lagoa, inclusive em pontos mais afastados da praia, para evitar novas ocorrências. “Vamos pensar a forma de fazer uma fiscalização mais ativa, inclusive com a utilização do drone para tentar identificar. Vamos tratar isso nos próximos dias junto à Polícia Ambiental (Patram) e outros setores”, completa.

Descartes após pesca de arrasto

Para o professor Felipe Dumont, do Instituto de Oceanografia da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg), o laudo técnico reforça a hipótese de descarte decorrente de pesca de arrasto. “Me parece que foi uma pesca predatória de arrasto. Eles [pescadores] descartam o que não interessa e isso acaba em cima da praia em algum momento”, avalia.

Entre as espécies encontradas às margens da praia do Laranjal, a savelha é uma que se destaca. Porém, carcaças de bagres e corvinas também foram identificados pelos técnicos do Sanep.

 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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